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domingo, 15 de agosto de 2010

AGORA É O TEMPO !

Pregue a Palavra!

Os modismos que fazem mais sucesso no meio evangelical vem dos pregadores. Os divulgadores de heresias estão nos púlpitos. As distorções bíblicas saem da boca de “profetas”. Mediante tudo isso, fica a pergunta: o pregador foi chamado para pregar a verdade do evangelho ou para propagar distorções doutrinárias? Esse artigo tem como objetivo analisar dois aspectos: o conteúdo e característica da verdadeira mensagem de Deus e a postura do genuíno pregador.

01) O conteúdo e a característica da mensagem divina.

Paulo escreveu ao jovem pastor Timóteo:

Conjuro-te, pois, diante de Deus e do Senhor Jesus Cristo, que há de julgar os vivos e os mortos, na sua vinda e no seu Reino, que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina(2 Tm 4.1 e 2).

Esse texto mostra a necessidade da verdadeira mensagem do evangelho, pois é uma ordenança bíblica e essencial para a vida da igreja. Paulo começa a sua exortação com uma “elocução solene e enfática”, assim com lembra o teólogo John Stott¹. O “conjuro-te”, é traduzido pela Nova Versão Internacional por “eu exorto solenemente”, verifica-se a importância dessas últimas palavras do “doutor dos gentios”. Esses palavras emocionadas do apóstolo Paulo, o maior teólogo do cristianismo, alerta para uma necessidade diária, a genuína pregação do evangelho.
O ministro do evangelho deve está comprometido com a pregação da Palavra. Exercer uma retórica desprovida de conteúdo bíblico, de nada vale para o pregador do evangelho. Paulo exorta ao jovem Timóteo a pregar a Palavra, não as suas qualidades, idéias, conceitos e opiniões, mas somente a Santa Escritura; como escreveu John Stott: “Não temos nenhuma liberdade para inventar a nossa mensagem, mas somente para comunicar 'a palavra' proferida por Deus e agora entregue à Igreja, em sagrada custódia”².
O sentido do verbo pregar no grego, dá a idéia de “proclamação em praça pública”, pois a Palavra não deve ser secreta, mas exposta a todos.
Qual o contéudo da mensagem bíblica e como se pode identificar?

a) a pregação divina está constantemente preparada pela consciência da urgência kerigmática.

O verbo ephistëmi, "instar", significa “estar à mão, estar pronto”³. Como o bombeiro está sempre pronto para socorrer em emergências, o ministro da Palavra deve sempre está pronto para socorrer o perdido com as Escrituras. Isso demanda tempo e busca de capacitação, sendo assim, o pregador deve constantemente trabalhar com a sua principal ferramenta, que é a Palavra de Deus. O bombeiro desatento e despreparado, será uma tragédia para a sociedade que solicitou a urgência de seu trabalho, o mesmo acontece com o ministro que negligencia o seu trabalho, pois causará danos a comunidade cristã sob sua liderança.
Pedro exorta: “estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que pedir a razão da esperança que está em vós”(1Pe 3.15b), essa preparação é espiritual, intelectual e emocional, para lidar com diversas situações no ministério, como heresias, membros viciados em pecados, membros com problemas de ordem material ou emocional etc.
A preparação, portanto, é bíblica e necessária para todos os pregadores do evangelho. Quantos “sermões” são como comida de rua, preparadas de qualquer forma? Há aqueles que dizem: “Irmãos, eu quando cheguei nesse púlpito, não sabia o que ia pregar. Quando sentei nesse altar santo, logo o Senhor me disse: 'Filho, pregue tal coisa', e eis que estou aqui, para pregar aquilo que Deus quer”. Isso pode até soar espiritual, mas demostra falta de preparo, pois estudar e fazer um sermão em casa, antes do culto, é uma prática necessária e saudável para o rebanho. Quem disse que Deus não fala por meio de um sermão com esbouço, preparado com tempo e zelo?

b) a pregação divina é em todo tempo.

A pregação não deve ser feita, somente, quando é conveniente pregar. Paulo exorta a pregar em tempo e fora de tempo. Aqui não há um ensino para o pregador ser importuno ou agir sem bom-senso. Essa palavra paulina é que o pregador deve sempre entregar a mensagem divina, não quando for o melhor para ele, mas em qualquer momento.
A pregação deve ser feita quando se está debaixo de aplausos, mas também, quando se encontra debaixo de vaias. A pregação deve ser feita em lugares confortáveis, nas plataformas das catedrais, assim como nos vales e montanhas desse vasto mundo. A pregação deve ser feita entre os amigos, mas não se pode esquecer da homilia aos inimigos. Deve-se pregar na manhã de sol, mas também na noite chuvosa. Pregar no momento conveniente ou inconveniente.

c) a pregação divina redargua.
A palavra grega elegcho é traduzido por redarguir na Almeida Corrigida(RC); na Nova Versão Internacional (NVI) e Almeida Atualizada(RA), o verbo é traduzidor por corrigir; e na Bíblia de Jerusalém(BJ) é traduzido pelo verbo refutar. Elegcho traz a idéia de “provar, convencer, reprovar, repreender. Indica o falar com outra pessoa de tal modo que, se ela se chegar à confissão de fé, pelo menos fique convicta de seu pecado”4.
A pregação tem uma função corretiva. É preciso expor o pecado e o erro, mas sempre com bom-senso. O objetivo central de uma pregação corretiva é levar o ouvinte ao arrependimento e não expor alguém ao ridículo, denegrindo e difamando aquele que ouve a mensagem. A correção não agrada aquele que necessita dela, por esse motivo, o pregador não deve temer expor a mensagem, caindo na tentação de agradar a todos.

d) a pregação divina repreende.

O palavra epitimao significa “reprovar, repreender. A palavra denota, no Novo Testamento, a idéia de censura e admoestação severa”5. A pregação cristã não é um emaranhado de palavras agradáveis aos ouvidos dos pecadores, ou seja, de toda a humanidade. A diferença do verbo anterior, é que repreender dá uma idéia de combate enérgico por meio das palavras. Pessoas de mal testemunho e os promotores de heresias, precisam ver uma reprovação severa da comunidade cristã, em especial do ministro da Palavra. Não deve haver tolerância para os sectários.
Quantos pastores não estão comungando com hereges? Quantos estão convidando unicistas, judaizantes, angelólatras para pregarem no púlpito de suas igrejas? Quantos não perderam a visão apologética da fé neotestamentária, ao ponto de aceitar um negador da Trindade, como convidado especial de suas conferências?

e) a pregação divina exorta

A palavra grega, que foi traduzida pelo verbo exortar, é parakaleo. A exortação no NT significa um encorajamento e consolação. O Espírito Santo é conhecido como o Paracleto, o Consolador. Parakaleo é da mesma raiz de paracleto, ou seja, a mensagem divina tem por objetivo o encorajamento dos fracos e debilitados na fé, assim como traz conforto aos atribulados.

02) A postura do pregador bíblico

Mediante o exposto acima, o versículo em apreço ensina ao ministro da palavra a sua postura como servo de Deus.
O pregador teve ter paciência, pregando a Palavra com toda a longanimidade. Como lembra o pr. Antonio Gilberto:

A paciência como fruto do Espírito é inestimável na vida e trabalho do ministro do Evangelho. É preciso paciência na preparação- oração, estudo da Bíblia, treinamento e desenvolvimento. É necessária na liderança e ministração das pessoas.6

Essa postura cristã é a manifestação do caráter de Cristo na vida daquele que prega a Palavra do Senhor. A perseverança deve ser constante no ministério cristão. John Stott observa: “Mesmo sendo solene o nosso comissionamento, e urgente a nossa mensagem, não se justifica uma conduta rude ou impaciente”7. Russell Norman Champlin cita em seu comentário, uma frase de Bahnsen, que expressa a maneira como se deve pregar ao inconstante: “Os homens deveriam compreender o que ouvem, aprendendo a perceber por que razão são repreendidos”8. A mensagem sempre deve ser transmitida com amor e esperança na restauração do ouvinte( 2 Tm 2.25-26).
Além de paciente, o ministro da palavra deve ser um mestre, um professor ao seu rebanho. Paulo destaca a importância do ensino doutrinário, pois a doutrina (gr. Didachē) é o ensino sistemático das verdades bíblicas. O ministro dever ser “apto para ensinar” e “manejar bem a palavra da verdade”, nos dizeres paulinos.
Existe diferença entre ensinar e pregar? Sim, há diferenças. No meio evangelical e pentecostal é comum considerar pregador, aquele que tem um eloquência, com mensagem motivacional e que fale aos domingos à noite. Biblicamente falando, pregador é aquele que transmite a mensagem das boas novas ao perdido, é a kèrygma, ou seja, a proclamação da Sagrada Escritura, com apelos ao arrependimento. O ensino é a instrução evangélica aos crentes em Jesus, doutrinando com as verdades centrais da cristandade.
O ensino doutrinário é, em muitas congregações, deficiente. Alguns cultos de doutrina, só ficam no nome, pois se fala de usos e costumes, de testemunhos, de manifestações exóticas atribuídas ao Espírito Santo, mas a doutrina é que menos se fala. Muitos leitores desse texto talvez nunca ouviram uma pregação do culto de domino a noite, com o título: “Jesus Cristo- Verdadeiro Deus, verdadeiro homem” ou “A mortificação da natureza pecaminosa” mas certamente já ouviram mensagens triunfalistas, do tipo, é “só vitória”.
É tempo de despertamento doutrinário, pois sem a Palavra de Deus, o povo perece. Como escreveu John MacArthur: “a pregação bíblica correta deve ser sistemática, expositiva, teológica e teocêntrica”9.

Referências Bibliográficas:

1- STOTT, John. Tu, porém. 1 ed. São Paulo: ABU Editora, 1982, p. 57.

2- Idem.

3- RIENECKER, Fritz e ROGERS, Cleon. Chave Linguística do Novo Testamento Grego. 1 ed. São Paulo: Edições Vida Nova, 1985, p. 479.

4- Idem.

5- Idem.

6- GILBERTO, Antonio. O fruto do Espírito. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, 84.

7- STOTT, John. Tu, porém. Idem.

8- CHAMPLIN, Russell Norman. O Novo Testamento Interpretado. 1 ed. São Paulo: Milenium Distribuidora Cultural Ltda, 1979, p. 398.

9- MacARTHUR, Jonh. Pregação Superficial. Revista Fé para Hoje. Cidade, Ano 2007, n. 30.

Angelolatria no meio Cristão

A mania angélica no meio evangélico

“Quando cheguei neste culto, vi anjos nesse templo com brasas de fogo nas mãos”, disse o pregador. A congregação exaltada gritava: “Glórias a Deus, Aleluia” e outros começavam a “marchar ou dançar no espírito”. Esse culto foi, para a maioria dos que ali estavam, uma maravilhosa reunião. O grande problema é que o “pregador”, na verdade, era um bandido que chegou a se relacionar com jovens na igreja de maneira devassa e pervertida. A igreja que amou o pregador angélico, entrou em crise mediante esse fato. Lembrando que essa história é verídica!
O que faz um falso pregador, “derramar fogo em uma igreja”, sendo ele um ímpio pervertido? A questão é que esse falso profeta sabia que muitos evangélicos ficam animados diante de um culto onde os anjos são o centro. Muitos “animadores de auditório”, que não chegam a ser maus caráter com o caso citado acima, estão comprometidos com um evangelho estranho as Escrituras. São pessoas que enfatizam anjos, tirando a primazia de Cristo no culto.
Hoje, a angelomania é muito presente na comunidade evangélica. São cadeiras reservadas para anjos, são constantes visitas do arcanjo Miguel, e há recados transmitidos pelo anjos com várias revelações. Há músicas que as letras dizem seres os anjos, os agentes do Batismo no Espírito Santo e ainda aqueles que promovem a cura divina; haveria aberração maior do que essa? Seria essas práticas bíblicas? O apóstolo Paulo já alertava: “Ninguém vos domine a seu bel-prazer, com pretexto de humildade e culto dos anjos, metendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão”(Cl 2.18). O culto deve ser cristocêntrico, mas nunca angelocêntrico ou antropocêntrico. Seria o homem ou os anjos o objeto de louvor no culto cristão? Não é preciso nem responder!
O escritor aos Hebreus lembra que os anjos “são espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação”(1.14). Isso quer dizer que os anjos são criaturas que servem os salvos quando enviados por Deus, isso mediante as várias situações que o Senhor livra os seus servos. Essa é a missão dos anjos na atualidade. Os anjos não foram convocados para “derramar brasas de fogo em reunião pentecostal”, muito menos promover revelações ou batizarem alguém no Espírito Santo. Quem derrama do Seu poder na igreja é o Espírito Santo e que batiza é Jesus Cristo. As revelações são frutos do “dons da palavra do conhecimento”, que nunca contradizem ou acrescentam algo as Escrituras.
Nesse artigo, há o destaque de duas práticas presentes no meio evangélico, que tornam o culto angelocêntrico (anjos no centro) e antropocêntricos (os homens no centro).

a) invocar a presença de anjos no ambiente de culto.
É comum pessoas orarem pedindo que Deus coloque um anjo na porta da igreja, um arcanjo no púlpito e outro anjo na casa do crente. Essa prática enfatiza papéis que não são angélicos, como ser segurança pessoal de um super-pregador. Essa idéia remete a doutrina pagã de anjo-guia ou anjo-da-guarda. Quem guia o cristão é o Espírito Santo e é Deus quem guarda o crente, usando para isso anjos ou não! Invocar a presença de anjos é desnecessário e torna o culto angélico. O pastor e teólogo assembleiano Elinaldo Renovato lembra:

Não existe base bíblica para se afirmar que eles (os anjos) estão por aí, a dirigir culto e revelar “segredos” de Deus. Toda a revelação necessária e suficiente para que o homem e a Igreja saibam como relacionarem-se com Deus já nos foi transmitida através das Sagradas Escrituras

E ainda Renovato alerta:

Há igrejas evangélicas, inclusive, com o nome de Assembléia de Deus, em que se pratica um verdadeiro “culto a anjos”. Em tais ambientes, as pessoas estão mais voltadas para os anjos do que para Jesus. Há pregadores que só iniciam a pregação depois de pedir que os anjos se postem a seu lado. Isso á apostasia dos tempos pós-modernos. E há muitos cristãos que estão se afastando dos verdadeiros princípios da ortodoxia bíblica, encantados com esses movimentos

Esse desejo de ter anjos ao redor do púlpito, quando o grande pregador está ministrando, traz uma idéia de um ser acima dos demais, um “ungido do Senhor”, realçando o pregador com o centro das atenções. Um fato interessante é que os angelomaníacos se apresentam como grandes ungidos de Deus, servos “humildes” do Deus Altíssimo, quando isso não passa de falsa modéstia. O jornalista e teólogo pentecostal Silas Daniel leciona:

Ainda hoje, os angelólatras se apresentam como pessoas avivadas, espirituais, santas, humildes, mas na verdade estão, como afirmou o apóstolo, embriagados por uma compreensão carnal

Haveria sentimento mais mundano do que tirar a centralidade de Cristo, para se tornar um espetáculo vivo? Haveria carnalidade maior do que mentir nos púlpitos, dizendo que estão recebendo recados de anjos? Nada de espirituais, mas os angelomaníacos não passam de crentes carnais.

b) anjos promotores de “avivamentos”.


Ouriel de Jesus, um pastor brasileiro que pregando nossa revelações diretas do céu, diz que a sua igreja promoverá ou está promovendo o último avivamento da história. Mais modesto impossível! O seu livro, fruto de vários contatos nos céus é o Triunfo Eterno da Igreja. Esse livro é um grande divulgador da doutrina de centralidade angélica. São anjos promotores de “avivamentos”. Sua igreja, que foi excluída da CGADB(Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil) tem até corografias dirigidas por anjos. Como escreveu o pastor Waldomiro Francisco: “Como seu Consolador, é o Espírito Santo quem a vivifica (a igreja); não existe avivamento por seres angelicais, o que não passa de uma heresia”4.
Todo cuidado é pouco, diante de tantos modismos angélicos no seio da igreja evangélica, o cristão não deve correr atrás de movimentos, mas sim se solidificar na Palavra de Deus.

Referências Bibliográficas:

01- RENOVATO, Elinaldo. Colossenses. Lições Bíblicas, Rio de Janeiro, p. 52, 3. trimestre de 2004.

02-________. Perigos da Pós-Modernidade. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007. p. 17 e 18.

03- DANIEL, Silas. A moda do culto aos anjos: conheça a gênese da angelolatria e a verdadeira função dos anjos. Resposta Fiel, Rio de Janeiro, Ano 2, n. 06, p. 25 , Dez-Jan-Fev/2003.

04- FRANCISCO, Waldomiro. A Doutrina dos Anjos e Demônios. 2 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 33.

MISSÕES NO BRASIL

Missiologia Pentecostal

A Igreja tem várias tarefas, entre elas a evangelização e as missões. Mas o que é missões? Segundo o missiólogo presbiteriano Ronaldo Lidório, missões “é um movimento salvífico e kerygmático que parte do coração e da volição de Deus, revelado nas Escrituras, onde o Evangelho é prometido, no Messias, a todas as pessoas em todas as etnias espalhadas pelo mundo.”1 O teólogo assembleiano Claudionor de Andrade, define missões como a “transmissão consciente e planejada das Boas Novas de Cristo além das fronteiras nacionais e culturais.”2
A missão principal da Igreja é adorar a Deus, anunciar o evangelho a toda criatura e fazer discípulos por meio do ensino. A igreja evangélica só é evangélica se anunciar o evangelho.

Um pouco de história

O Brasil é o terceiro país protestante do mundo. Esse status deve-se ao trabalho de incansáveis missionários que atuaram no Brasil, desde dos primeiros calvinistas até ao grande trabalho dos pentecostais. Mas a obra missionária começou a atuar no Brasil, por meio de cristãos calvinistas, que chegaram ao país em 10 de novembro de 1555. Os primeiros pastores-missionários que chegaram ao Brasil formam os pastores franceses Pierre Richer e Guillaume Chartir e um seminarista chamado Jean de Lery, mandados pelo próprio João Calvino. O grupo de pastores chegaram no dia 10 de março de 1957, sendo assim, quase dois anos depois do primeiro grupo, que estavam sendo comandados pelos almirantes franceses Coligny e Villegaignon. O primeiro culto da América, realizado na chegada dos missionáriso, teve como leitura o Salmo 27.4 e a primeira Ceia do Senhor, celebrada na América, foi no domingo de 21 de março de 1557, pelo pastor Pierre Richer.
Esse primeiro grupo de missionários evangelizaram vários índios Tamoios, não por meio de um catecismo jesuíta, mas pela proclamação das boas novas. Chegaram a traduzir o Salmo 103 para a língua indígena, sendo a primeira tradução genuinamente brasileira. Devido as divergências com o almirante Villegaignon, ele traiu todos os pastores franceses instalados na colônia. Portugal, com ajuda de Villegaignon, expulsou os invasores franceses e matou vários protestantes que já estavam no Brasil, entre eles, o pastor Pierre, que foi estrangulado e lançado ao mar, na Baia de Guanabara. O sangue dos mártires foi derramado no Brasil (Terra de Vera Cruz), o primeiro país da América a receber missionários protestantes.
No século 19, os missionários europeus e norte-americanos começaram a desembarcar no Brasil católico e que considerava os protestantes de hereges. Dentro do Império Deus coloca como destaque, o casal inglês Robert e Sarah Kalley. Nesse tempo surge o primeiro missionário presbiteriano Ashbell Grenn Simonthon; os primeiros batistas como Thomas Jefferson Bowen, Richard Ratcliff e William Burk Bagby; os metodistas Justus E. Newman e John Ransom e outros protestantes de igrejas históricas e reformadas que chegaram no Sul e Sudeste do país.
Em 1906, explode na Califórnia um grande avivamento, o pentecostalismo da rua Azuza. O Movimento Pentecostal, logo enviou missionários por todo o mundo, sendo um despertamento missiológico muito forte. Dois jovens suecos chegam ao Brasil, influenciados pelo avivamento em Los Angeles, eram eles Daniel Berg e Gunnar Vingren. Esses jovens batistas desembarcaram em Belém do Pará, no norte do Brasil, fundando nessa cidade a Missão da Fé Apostólica, que depois passou a se chamar de Assembléia de Deus. Os pentecostais chegaram, também, por meio de um italiano chamado Luís Francescon, que fundou a Congregação Cristã do Brasil.

O pentecostalismo brasileiro e as missiologia autóctone

A Assembléia de Deus no Brasil, recebeu poucos missionários estrangeiros, comparado ao contingente que as igrejas históricas mandaram de seus países. O pentecostalismo clássico desenvolveu uma missiologia autóctone3, ou seja, os pentecostais desenvolveram uma evangelização dentro da cultura brasileira. A Assembléia de Deus produziu em poucos anos os obreiros nacionais, os missionários suecos ensinaram os crentes brasileiros a se envolver na evangelização e logo surgiu os primeiros pastores e missionários.
Segundo o erudito metodista, especialista em missiologia, o pr. Luís Wesley de Sousa, as igreja que menos enviaram missionários estrangeiros (pentecostais), foram as que mais cresceram, isso por causa da evangelização com cristãos nacionais:

Intriga-me observar, por exemplo, a desproporção entre o pentecostalismo e o protestantismo de tradição no que tange à presença numérica de missionários estrangeiros em seus quadros ao logo destes 94 anos de existência no Brasil. As igrejas históricas receberam muitos missionários, enquanto o pentecostalismo clássico teve um número ínfimo de missionários , proporcionalmente falando e se comparado com o tamanho do protestantismo de tradição. O fato inédito está em que os grupos que menos cresceram foram justamente os que receberam mais missionários. Em contrapartida, os que menos receberam missionários os que mais cresceram”.4

O batismo no Espírito Santo e a obra missionária

O fator do crescimento pentecostal no Brasil, foi a ênfase no revestimento de poder para comissionamento missionário. Essa enfase é bíblica: “ Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra”(At 1.8). O bastimo com o Espírito Santo, tem como propósito principal, revestir o crente de poder, para testemunhar de Cristo. A ênfase desse testemunho é Cristo, uma mensagem cristocêntrica. Aquele que foi um mestre em teologia, Donald Stamps, escreveu: “O batismo no Espírito Santo outorgará ao crente ousadia e poder celestial para realizar grandes obras em nome de Cristo e ter eficácia no seu testemunho e pregação”5.
Infelizmente, hoje há grandes congressos pentecostais, pregadores de renome, vídeos e dvd´s, incentivando uma vida de poder, mas sem destacar o papel do serviço cristão. Querem poder para vencer materialmente ou ter poder político, um destaque triunfalista e antibíblico do Batismo no Espírito Santo. George Wood, erudito pentecostal, escreveu: “O batismo no Espírito Santo, como se entendeu em Azuza, não era somente para benefício pessoal; seu propósito central era conceber poder. Esta é uma distinção vital, porque alguns tem buscado o Espírito por uma experiência mística, e não por um novo arrojo e competência para ser testemunha de Cristo”.6 Fugir do propósito principal do Batismo no Espírito Santo é perigoso e têm levado muitos a um espiritualidade rasa e herética. Vale transcrever a observação do professor John V. York, da Assembléia de Deus norte-americana:

O batismo no Espírito Santo não deve ser confundido com emocionalismo ou alguma outra reação humana à presença do Espírito Santo. Personalidades humanas são diferentes, e reações aprendidas variam. O que é essencial é a realidade da concessão de poder divino focalizado em testemunho e serviço. Existem aqueles que confundem o pentecostalismo com a exuberância na adoração ou com um comportamento emocional. Ao passo que não seria sábio diminuir o significado das emoções humanas ou da adoração vivaz, esses conceitos não são a essência do pentecostalismo. Seu princípio fundamental é a capacitação sobrenatural de crentes com poder para que possam, em palavras e em obras, adequadamente testemunhar de Cristo às nações do mundo.”7

A missiologia pentecostal valoriza o papel de cada crente na evangelização, pois todos devem buscar o revestimento de poder para testemunharem de Cristo. A evangelização assembleiana foi baseada em leigos e não em clérigos. A doutrina do sacerdócio universal, mostra a importância do Corpo de Cristo (Igreja), como uma comunidade unida que cada um mostra o seu serviço em cooperação. A doutrina pentecostal do Batismo no Espírito Santo e a doutrina evangélica do sacerdócio universal, faz de cada crente pentecostal um missionário. Como lembra Loren Triplett: “O pastor pentecostal que não leva a igreja a obedecer mundialmente à Grande Comissão é, em termos, uma contradição. O pastor pentecostal terá um coração missionário e reconhecerá que recebeu esse coração missionário, quando foi batizado com o Espírito Santo. Ser pentecostal é ser missionário.”8

A ajuda do Espírito Santo na obra missionária

No livro Verdades Pentecostais, o pastor Antonio Gilberto descreve a assistência do Espírito Santo na obra missionária.9 O Espírito Santo escolhe, envia capacita e direciona os evangelizadores. No livro de Atos dos Apóstolos, se observa o Espírito Santo agindo em meio a Igreja. A igreja que dá espaço para a atuação do Espírito Santo será um celeiro do evangelismo, com eficácia e na direção divina. “O evangelismo e a obra missionária são o fruto natural de uma vida e testemunho para Jesus Cristo de uma igreja cheia do Espírito.”10

A necessidade da evangelização

O Brasil é o maior país espírita do mundo; as seitas pseudocristãs crescem a todo o vapor; em torno de dois bilhões de pessoas no mundo, nunca ouviram falar de Jesus Cristo. Esse são apenas alguns dados que mostram a necessidade da evangelização na cultura local e as missões transculturais. Os apóstolos chegaram a evangelizar todo o mundo conhecido da época, apesar das perseguições e falta de recursos. A urgência é enorme, mas enquanto isso as igrejas ocidentais se envolvem em doutrinas materialistas, que buscam o reino da terra, e esquecem de proclamar o reino de Deus.
A prosperidade das igrejas ocidentais só levam os lideres a alimentarem a vaidade própria. O evangelicalismo atual está mais preocupado em construir catedrais, do que escolas de missão; gastam mais dinheiro com shows ,do que com o caixa de missões. Conta-se a história que Tomás de Aquino foi ao encontro de Sumo Pontífice; o Papa, então com uma sacola de dinheiro, disse a Tomás de Aquino: “não precisamos mais dizer que não temos prata e ouro” e Tomás respondeu: “ e nem podemos mais responder 'levanta-te e anda'.”
Alguns dados são assustadores, o missiólogo Ronaldo Lidório enumerou alguns deles:

Há ainda em nossos dias cerca de 8.000 PNAs (Povos Não Alcançados), 300 milhões de aborígenes que nada sabem de Jesus (e isto é quase o dobro da população de todo o Brasil), mais de 300 ilhas onde mais de 90% de seus habitantes nunca receberam sequer um testemunho do evangelho de Cristo e 4244 línguas sem sequer João 3:16 traduzido em seu idioma. No norte africano e mundo oriental há em média apenas 1 missionário para cada 7 milhões de habitantes, em diversos países mais de 200 grupos nômades permanecem ainda intocados pelo evangelho e apenas ao meu redor, entre os Konkombas, posso nomear pelo menos 40 aldeias com uma população total de 50.000 pessoas que nunca, sequer uma só vez, ouviram o nome Jesus. É necessário chamar.”11

As seitas, um desafio missionário

A igreja hodierna precisa investir em missiologia e em apologética. O império das seitas, sejam elas pseudocristãs ou orientais, é um grande desafio missionário, que só pode ser vencido por meio da apologética. O naturalismo e outras filosofias estranhas ao evangelho necessitam de respostas dos apologistas.
Para ser apologista é necessário ter um conhecimento bíblico, teológico e cultural, a igreja no evangelizadora não pode esquecer de estudar; como lembra Claudionor de Andrade: “Há obreiros que no ímpeto de evangelizar, não aplicam a aprender a doutrina bíblica. Acham que o ensino sistemático das Sagradas Escrituras é perca de tempo”.12 O teólogo Claudionor lembra ainda uma frase de Charles Spurgeon, o príncipe do pregadores: “Os homens, para serem verdadeiramente ganhos, precisam ser ganhos pela verdade.” Não adianta evangelizar, se o conteúdo dessa pregação for estranho as Sagradas Escrituras.

Conclusão

A igreja que cumpre a grande comissão, pode ser verdadeiramente chamada de evangélica e pentecostal. Caso contrário, ela torna-se indigna do nome. Robert Coleman escreveu: “Uma igreja que não sai para i mundo anunciando as verdades do reino não reconheceria o avivamento, mesmo que este viesse.”13

Notas:

1- Entrevista de Ronaldo Lidório para o Jornal Paixão pelas Almas

2- ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. 12. ed., Rio de Janeiro: CPAD , 2003, p. 215.

3- Autóctone. Adj2g.1. Que é oriundo da terra onde se encontra, sem resultar de imigração ou importação.(Dicionário Aurélio)

4- SOUSA, Luís Wesley de. Entrevista. In Resposta Fiel, Ano 4, n. 11, p. 12, CPAD, 2004.

5- STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 1631.

6-WOOD, George. Este Rio Pentecostal Azuza: La corriente afluente original. Revista del Enriquecimiento. Disponível no portal da Assembléia de Deus norte-americana (www.ag.org). Tradução livre.

7- YORK, John V. Missões na era do Espírito Santo. 1. ed., Rio de Janeiro:CPAD, 2002, p. 195.

8- Citado por BRITO, Robson. Projeto Missionário Pentecostal. Manual do Obreiro. Disponível no site: www.cpad.com.br/escoladominical.

9- GILBERTO, Antonio. Verdades Pentecostais. 1. ed., Rio de Janeiro:CPAD, 2006, p. 124.

10- WOOD, George. Uma Señal Diferente, Revista del Enriquecimiento. Disponível no portal da Assembléia de Deus norte-americana (www.ag.org). Tradução livre.

11- LIDÓRIO, Ronaldo. A Armadura de Deus e o Panoplian de Deus. Disponível no site www.monergismo.com

12- ANDRADE, Claudionor Corrêa de. As verdades centrais da fé cristã. In Ensinador Cristão, ANO 7, n. 28, p. 16, CPAD, 2006.

13- COLEMAN, Robert. Como avivar a sua igreja. 15. ed., Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 88.

domingo, 27 de junho de 2010

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