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sábado, 16 de abril de 2011

Quem Não É Contra Nós É Por Nós

Quem Não É Contra Nós É Por Nós

                                   de Álvaro César Pestana
Haveria contradição nos provérbios de Jesus? Será que Jesus se enganou? Veja os seguintes textos: "Pois quem não é contra nós, é por nós" (Marcos 9.40; Lucas 9.50); "Quem não é por mim é contra mim, e quem comigo não ajunta, espalha" (Mateus 12.30; Lucas 11.23).
Antes de continuar é útil tirar proveito desta aparente contradição para rever boas regras de estudo bíblico. Primeiro, um texto, uma palavra e mesmo uma idéia só terá sentido em seu contexto. Fora do contexto só há erro e contradição; o sentido do texto, da palavra e de qualquer idéia vem do contexto. Segundo, os ditos proverbiais apresentam verdades gerais que precisam ser entendidas como regras gerais e não como profecia ou como afirmação absoluta sem exceção. Por exemplo: Provérbios 26.4 e 5 apresentam regras gerais "contraditórias", pelo menos aparentemente, mas na verdade cada provérbio é válido como regra em certas circunstâncias e em outras não. Com estas duas idéias em mente, vamos estudar o que Jesus quis dizer com estes dois provérbios.
UMA VERSÃO PARA CADA SITUAÇÃO
Os dois provérbios que estamos estudando ensinam a mesma lição. Não há contradição de idéias, mas simplesmente uma mesma verdade expressa de dois modos diferentes, para uso em diferentes análises. Para a auto avaliação, usa-se o provérbio mais severo (quem não é por mim, é contra mim); para a avaliação de outros, usa-se o mais suave (quem não é contra nós, é por nós). A lição básica é sempre a mesma: "É impossível ficar neutro em relação a Jesus".
NEUTRALIDADE IMPOSSÍVEL
Jesus curou um endemoninhado mudo, expulsando o demônio que causava esse mal. Os que viram o milagre reagiram de três formas: uns ficaram admirados, outros acusaram Jesus de ter um pacto com (ou estar possuído por) Belzebu, o demônio maior, e outros, finalmente, pediam que Jesus fizesse mais um milagre para provar quem ele realmente era (Lucas 11.14-17).
Jesus não faz milagres para provar algo a quem já teve toda a evidência que precisava. Jesus e Deus Pai não forçam o homem a aceitá-los. Certamente pedir provas a Deus não é o meio de ter fé para a salvação. Jesus passa a raciocinar com eles mostrando que é razoável crer nele como enviado de Deus, com base na evidência que já tinha sido dada. É assim que devemos agir hoje com aqueles que querem "mais razões" para crer. Jesus, na ocasião, mostrou que ele não seria um aliado do Diabo, pois estava a destruir-lhe o reino. Na verdade, Jesus estava provando que tinha mais poder que o Diabo e seus demônios. Além disto, a presença de tal poder entre os homens era evidência da proximidade do Reino de Deus (Lucas 11.17-22).
É neste momento que Jesus diz: "Quem não é por mim é contra mim, quem comigo não ajunta, espalha" (Lucas 11.23). A ilustração empregada por Jesus na segunda frase do provérbio vem do trabalho de ajuntar (ou espalhar) um rebanho, ou uma colheita. Ele afirma estar do lado de Deus e diz que aqueles que não estão do lado dele são inimigos de Deus. Quem não está com Jesus, está com Belzebu. "Quem não ajuda, atrapalha".
Para ilustrar isto ele conta a parábola chamada pelos negritos de algumas Bíblias de "a estratégia de Satanás". Se a "ex-casa" de um demônio tentar manter-se neutra, isto é, vazia, não vai ficar assim por muito tempo. Em breve aquele demônio voltará com outros piores ainda e o último estado do homem vai ser terrível, e bem pior que o primeiro (Lucas 11.24-26). Veja que esta parábola não é um aviso para as pessoas que um dia foram endemoninhadas. De fato, quando Jesus expulsava um demônio, ele não podia mais retomar àquela pessoa (Marcos 9.25). Esta parábola ilustra a impossibilidade de ficar neutro em relação a Jesus: não há casa vazia - não pode haver pessoa que não é nem de Jesus e nem do demônio. Ou seremos discípulos de Jesus, ou seremos inimigos dele. Não há meio termo.
Ao narrar este mesmo evento, Mateus dá ênfase ao fato de termos que decidir por Jesus, ligando o provérbio "quem não é por mim é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha" com a possibilidade de pecar contra o Espírito Santo, o pecado sem perdão (Mateus 12.22-32). 0 pecado imperdoável é a oposição deliberada e contínua a Jesus e sua obra. O pecado contra o Espírito Santo deve ser entendido à luz do ditado acima. Portanto, é impossível ficar neutro no que diz respeito a Jesus.

RIVALIDADE IMPOSSÍVEL
Jesus declara: "Se você não está a favor, está contra." Por outro lado em Marcos 9.40 e Lucas 9.50 ele disse: "Se você não está contra, está a favor." Esta aparente contradição é resolvida quando se observa as circunstâncias que geraram o provérbio "quem não é contra nós, é por nós".
João, discípulo de Cristo, em uma de suas andanças encontrou um homem que expelia demônios usando o nome de Jesus. Este homem não era um dos seguidores de Jesus no mesmo sentido que eram os apóstolos e outros comissionados para aquele trabalho (Lucas 9.1-2; 10.1-12). João, talvez inspirado por um espírito de partidarismo como o de Josué (Números 11.16-30), proibiu o homem de continuar sua obra. Talvez, por causa do ensino sobre receber alguém em nome de Jesus, ele lembrasse do homem que, aos seus olhos, estava usando este nome sem merecê-lo e portanto não devia ser acolhido. Ele pede o parecer de Jesus sobre sua ação (Marcos 9.33-38; Lucas 9.46-49).
Ironicamente João estava agindo como os escribas que anterior-mente se opuseram a Jesus apesar da evidência da ação do Espírito Santo na realização de exorcismos (Marcos 3.22). Agora ele se opunha a um homem que tinha evidência de ter fé em Jesus e que estava fazendo o que alguns apóstolos não tinham conseguido um pouco antes (Marcos 9.18,28).
O Mestre ensinou que o comportamento de João, que representava o dos doze, era errado (Marcos 9.39-40). "Quem não é contra nós, é por nós" diz Jesus. Se aquele exorcista usava o nome de Jesus, deveria ter sido considerado como amigo por João e não como inimigo ou concorrente. Os discípulos de Cristo não precisam tomar "posições" com respeito aos homens; os homens é que precisam tomar uma posição com respeito a Jesus. O sentimento de rivalidade e de competição não é compatível com o caráter de servo que Jesus ensinou aos seus seguidores. Ser seguidor de Jesus é aprender a reconhecer que nem tudo tem de ser feito a nosso modo. Se o exorcista estava a favor de Jesus, deveria ser incentivado e não criticado; deveria, se necessário, ser instruído com maior exatidão sobre o caminho do Senhor (Atos 18.24-19-7). Ele não era como os sete filhos de Ceva (Atos 19.13-16), mas parecia ser alguém com uma boa atitude espiritual.
Este texto tem sido usado para ensinar que não importa a doutrina que alguém prega, desde que fale de Jesus: uma espécie de relativismo espiritual, onde um espírito meio ecumênico e meio eclético é transportado ao texto bíblico. Dizem: "Não importa se ele está pregando certo ou errado, mas se está falando de Jesus, devemos considerá-lo como irmão". Este modo de pensar é incentivado pelas Bíblias onde este texto recebe o título: "Jesus ensina tolerância e caridade". O texto não ensina nada disto! Ensina que devemos saber reconhecer apoio a Cristo e fé nele, mesmo quando a pessoa não é claramente identificada com Jesus. É um texto que manda abrir os olhos para ver o apoio à causa de Cristo e não um texto que manda fechá-los ao desvio da verdade. Nada podia ser declarado sobre a salvação deste exorcista (Mateus 7.21-23), nem ainda sobre todos os seus motivos interiores (Filipenses 1.15-18). De qualquer forma, ele não era neutro em relação a Jesus, mas estava do lado dele, pois "quem não está contra, está a favor" e vai evidenciar este fato com atos de verdadeira fé (Marcos 9.41).
APLICAÇÃO
Estes dois provérbios ensinam verdades que a igreja e os cristãos precisam fixar em suas mentes:
1. É impossível ficar neutro com relação a Jesus. Se não cooperamos com a obra de Cristo, estamos a obstruí-la. Se cooperamos com a obra de Cristo, esta cooperação deve ser real e completa. O grande erro de Pôncio Pilatos foi o de não querer se envolver com Jesus. Ele tentou lavar as mãos e, neste ato onde buscava neutralidade, acabou por tornar-se culpado da maior injustiça da história humana (Mateus 27.24). Pilatos optou pelo cômodo recurso da neutralidade quando deveria ter absolvido Jesus, se o considerasse inocente, ou mandá-lo matar, se o encontrasse culpado. É impossível ficar neutro em relação a Jesus. No mesmo erro incorreu o grande rabino Gamaliel (Atos 5.33-42). Embora sua intervenção salvasse os apóstolos de morte certa, seu parecer não é verdadeiro. Seu conselho foi que deixassem o tempo passar, para saber se aquele movimento era de Deus ou não. Mas o fato é que Gamaliel e o Sinédrio não podiam deixar o tempo julgar assuntos sobre os quais eles precisavam tomar uma decisão pessoal e também uma decisão a nível jurídico para a nação. Deixar o tempo passar impede pessoas de se converterem a Jesus. Além disso, há muitos erros que duram muito tempo, fazendo-nos pensar, pelo parecer de Gamaliel, que são coisas certas. Não é possível ficar neutro: ou Jesus é o Senhor ou é um terrível embusteiro. Não há comodidade aqui; não há neutralidade.
2. Precisamos reconhecer o apoio à causa de Cristo nos outros. Marcos 9.38-41 e Lucas 9.49-50 não nos ensinam tolerância para com o erro doutrinário, mas sim visão e sensibilidade para reconhecermos aliados na luta contra o mal. Quando percebemos que alguém está tentando cooperar com Cristo. devemos aproximar-nos dele como amigos e, se necessário, ajudá-lo a ser mais fiel a Jesus. Devemos chamar homens a Jesus e não afastá-los dele.
3. Devemos ser rigorosos conosco e flexíveis com os outros. Os textos de Marcos 9.40 e Lucas 9.50 ("quem não é contra nós, é por nós") devem ser nosso critério para observação dos outros. Mateus 12.30 e Lucas 11.23 ("quem não é por mim, é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha") deve ser nosso critério de auto-análise. Foi assim que Jesus usou estes diferentes ditados: seja rigoroso ao julgar a si mesmo e seja cuidadoso ao julgar o próximo.  


A CRUCIFICAÇÃO DE CRISTO

A Crucificação de Cristo,
a partir de um ponto de vista médico
de C. Truman Davis
Lendo o livro de Jim Bishop “O Dia Que Cristo Morreu”, eu percebi que durante vários anos eu tinha tornado a crucificação de Jesus mais ou menos sem valor, que havia crescido calos em meu coração sobre este horror, por tratar seus detalhes de forma tão familiar - e pela amizade distante que eu tinha com nosso Senhor. Eu finalmente havia percebido que, mesmo como médico, eu não entendia a verdadeira causa da morte de Jesus. Os escritores do evangelho não nos ajudam muito com este ponto, porque a crucificação era tão comum naquele tempo que, aparentemente, acharam que uma descrição detalhada seria desnecessária. Por isso só temos as palavras concisas dos evangelistas “Então, Pilatos, após mandar açoitar a Jesus, entregou-o para ser crucificado.”
Eu não tenho nenhuma competência para discutir o infinito sofrimento psíquico e espiritual do Deus Encarnado que paga pelos pecados do homem caído. Mas parecia a mim que como um médico eu poderia procurar de forma mais detalhada os aspectos fisiológicos e anatômicos da paixão de nosso Senhor. O que foi que o corpo de Jesus de Nazaré de fato suportou durante essas horas de tortura?
Dados históricos
Isto me levou primeiro a um estudo da prática de crucificação, quer dizer, tortura e execução por fixação numa cruz. Eu estou endividado a muitos que estudaram este assunto no passado, e especialmente para um colega contemporâneo, Dr. Pierre Barbet, um cirurgião francês que fez uma pesquisa histórica e experimental exaustiva e escreveu extensivamente no assunto.
Aparentemente, a primeira prática conhecida de crucificação foi realizado pelos persas. Alexandre e seus generais trouxeram esta prática para o mundo mediterrâneo--para o Egito e para Cartago. Os romanos aparentemente aprenderam a prática dos cartagineses e (como quase tudo que os romanos fizeram) rapidamente desenvolveram nesta prática um grau muito alto de eficiência e habilidade. Vários autores romanos (Lívio, Cícero, Tácito) comentam a crucificação, e são descritas várias inovações, modificações, e variações na literatura antiga.
Por exemplo, a porção vertical da cruz (ou “stipes”) poderia ter o braço que cruzava (ou “patibulum”) fixado cerca de um metro debaixo de seu topo como nós geralmente pensamos na cruz latina. A forma mais comum usada no dia de nosso Senhor, porém, era a cruz “Tau”, formado como nossa letra “T”. Nesta cruz o patibulum era fixado ao topo do stipes. Há evidência arqueológica que foi neste tipo de cruz que Jesus foi crucificado. Sem qualquer prova histórica ou bíblica, pintores Medievais e da Renascença nos deram o retrato de Cristo levando a cruz inteira. Mas o poste vertical, ou stipes, geralmente era fixado permanentemente no chão no local de execução. O homem condenado foi forçado a levar o patibulum, pesando aproximadamente 50 quilos, da prisão para o lugar de execução.
Muitos dos pintores e a maioria dos escultores de crucificação, também mostram os cravos passados pelas palmas. Contos romanos históricos e trabalho experimental estabeleceram que os cravos foram colocados entre os ossos pequenos dos pulsos (radial e ulna) e não pelas palmas. Cravos colocados pelas palmas sairiam por entre os dedos se o corpo fosse forçado a se apoiar neles. O equívoco pode ter ocorrido por uma interpretação errada das palavras de Jesus para Tomé, “vê as minhas mãos”. Anatomistas, modernos e antigos, sempre consideraram o pulso como parte da mão.
Um titulus, ou pequena placa, declarando o crime da vítima normalmente era colocado num mastro, levado à frente da procissão da prisão, e depois pregado à cruz de forma que estendia sobre a cabeça. Este sinal com seu mastro pregado ao topo teria dado à cruz um pouco da forma característica da cruz latina.
O suor como gotas de sangue
O sofrimento físico de Jesus começou no Getsêmani. Em Lucas diz: "E, estando em agonia, orava mais intensamente. E aconteceu que o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra." (Lc 22:44) Todos os truques têm sido usados por escolas modernas para explicarem esta fase, aparentemente seguindo a impressão que isto não podia acontecer. No entanto, consegue-se muito consultando a literatura médica. Apesar de muito raro, o fenômeno de suor de sangue é bem documentado. Sujeito a um stress emocional, finos capilares nas glândulas sudoríparas podem se romper, misturando assim o sangue com o suor. Este processo poderia causar fraqueza e choque. Atenção médica é necessária para prevenir hipotermia.
Após a prisão no meio da noite, Jesus foi levado ao Sinédrio e Caifás o sumo sacerdote, onde sofreu o primeiro traumatismo físico. Jesus foi esbofeteado na face por um soldado, por manter-se em silêncio ao ser interrogado por Caifás. Os soldados do palácio tamparam seus olhos e zombaram dele, pedindo para que identificasse quem o estava batendo, e esbofeteavam a Sua face.
A condenação
De manhã cedo, Jesus, surrado e com hematomas, desidratado, e exausto por não dormir, é levado ao Pretório da Fortaleza Antônia, o centro de governo do Procurador da Judéia, Pôncio Pilatos. Você deve já conhecer a tentativa de Pilatos de passar a responsabilidade para Herodes Antipas, tetrarca da Judéia. Aparentemente, Jesus não sofreu maus tratos nas mãos de Herodes e foi devolvido a Pilatos. Foi em resposta aos gritos da multidão que Pilatos ordenou que Bar-Abbas fosse solto e condenou Jesus ao açoite e à crucificação.
Há muita diferença de opinião entre autoridades sobre o fato incomum de Jesus ser açoitado como um prelúdio à crucificação. A maioria dos escritores romanos deste período não associam os dois. Muitos peritos acreditam que Pilatos originalmente mandou que Jesus fosse açoitado como o castigo completo dele. A pena de morte através de crucificação só viria em resposta à acusação da multidão de que o Procurador não estava defendendo César corretamente contra este pretendente que supostamente reivindicou ser o Rei dos judeus.
Os preparativos para as chicotadas foram realizados quando o prisioneiro era despido de suas roupas, e suas mãos amarradas a um poste, acima de sua cabeça. É duvidoso se os Romanos teriam seguido as leis judaicas quanto às chicotadas. Os judeus tinham uma lei antiga que proibia mais de 40 (quarenta) chicotadas.
O açoite
O soldado romano dá um passo a frente com o flagrum (açoite) em sua mão. Este é um chicote com várias tiras pesadas de couro com duas pequenas bolas de chumbo amarradas nas pontas de cada tira. O pesado chicote é batido com toda força contra os ombros, costas e pernas de Jesus. Primeiramente as pesadas tiras de couro cortam apenas a pele. Então, conforme as chicotadas continuam, elas cortam os tecidos debaixo da pele, rompendo os capilares e veias da pele, causando marcas de sangue, e finalmente, hemorragia arterial de vasos da musculatura.
As pequenas bolas de chumbo primeiramente produzem grandes, profundos hematomas, que se rompem com as subseqüentes chicotadas. Finalmente, a pele das costas está pendurada em tiras e toda a área está uma irreconhecível massa de tecido ensangüentado. Quando é determinado, pelo centurião responsável, que o prisioneiro está a beira da morte, então o espancamento é encerrado.
Então, Jesus, quase desmaiando é desamarrado, e lhe é permitido cair no pavimento de pedra, molhado com Seu próprio sangue. Os soldados romanos vêm uma grande piada neste Judeu, que se dizia ser o Rei. Eles atiram um manto sobre os seus ombros e colocam um pau em suas mãos, como um cetro. Eles ainda precisam de uma coroa para completar a cena. Um pequeno galho flexível, coberto de longos espinhos é enrolado em forma de uma coroa e pressionado sobre Sua cabeça. Novamente, há uma intensa hemorragia (o couro do crânio é uma das regiões mais irrigadas do nosso corpo).
Após zombarem dele, e baterem em sua face, tiram o pau de suas mãos e batem em sua cabeça, fazendo com que os espinhos se aprofundem em sua cabeça. Finalmente, cansado de seu sádico esporte, o manto é retirado de suas costas. O manto, por sua vez, já havia aderido ao sangue e grudado nas feridas. Como em uma descuidada remoção de uma atadura cirúrgica, sua retirada causa dor toturante. As feridas começam a sangrar como se ele estivesse apanhando outra vez.
A cruz
Em respeito ao costume dos judeus, os romanos devolvem a roupa de Jesus. A pesada barra horizontal da cruz á amarrada sobre seus ombros, e a procissão do Cristo condenado, dois ladrões e o destacamento dos soldados romanos para a execução, encabeçado por um centurião, começa a vagarosa jornada até o Gólgota. Apesar do esforço de andar ereto, o peso da madeira somado ao choque produzido pela grande perda de sangue, é demais para ele. Ele tropeça e cai. As lascas da madeira áspera rasgam a pele dilacerada e os músculos de seus ombros. Ele tenta se levantar, mas os músculos humanos já chegaram ao seu limite.
O centurião, ansioso para realizar a crucificação, escolhe um observador norte-africano, Simão, um Cirineu, para carregar a cruz. Jesus segue ainda sangrando, com o suor frio de choque. A jornada de mais de 800 metros da fortaleza Antônia até Gólgota é então completada. O prisioneiro é despido - exceto por um pedaço de pano que era permitido aos judeus.
A crucificação
A crucificação começa: Jesus é oferecido vinho com mirra, um leve analgésico. Jesus se recusa a beber. Simão é ordenado a colocar a barra no chão e Jesus é rapidamente jogado de costas, com seus ombros contra a madeira. O legionário procura a depressão entre os osso de seu pulso. Ele bate um pesado cravo de ferro quadrado que traspassa o pulso de Jesus, entrando na madeira. Rapidamente ele se move para o outro lado e repete a mesma ação, tomando o cuidado de não esticar os ombros demais, para possibilitar alguma flexão e movimento. A barra da cruz é então levantada e colocado em cima do poste, e sobre o topo é pregada a inscrição onde se lê: "Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus".
O pé esquerdo agora é empurrado para trás contra o pé direito, e com ambos os pés estendidos, dedos dos pés para baixo, um cravo é batido atraves deles, deixando os joelhos dobrados moderadamente. A vítima agora é crucificada. Enquanto ele cai para baixo aos poucos, com mais peso nos cravos nos pulsos a dor insuportável corre pelos dedos e para cima dos braços para explodir no cérebro – os cravos nos pulsos estão pondo pressão nos nervos medianos. Quando ele se empurra para cima para evitar este tormento de alongamento, ele coloca seu peso inteiro no cravo que passa pelos pés. Novamente há a agonia queimando do cravo que rasga pelos nervos entre os ossos dos pés.
Neste ponto, outro fenômeno ocorre. Enquanto os braços se cansam, grandes ondas de cãibras percorrem seus músculos, causando intensa dor. Com estas cãibras, vem a dificuldade de empurrar-se para cima. Pendurado por seus braços, os músculos peitorais ficam paralisados, e o músculos intercostais incapazes de agir. O ar pode ser aspirado pelos pulmões, mas não pode ser expirado. Jesus luta para se levantar a fim de fazer uma respiração. Finalmente, dióxido de carbono é acumulado nos pulmões e no sangue, e as cãibras diminuem. Esporadicamente, ele é capaz de se levantar e expirar e inspirar o oxigênio vital. Sem dúvida, foi durante este período que Jesus consegui falar as sete frases registradas:
Jesus olhando para os soldados romanos, lançando sorte sobre suas vestes disse: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem. " (Lucas 23:34)
Ao ladrão arrependido, Jesus disse: "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso." (Lucas 23:43)
Olhando para baixo para Maria, sua mãe, Jesus disse: “Mulher, eis aí teu filho.” E ao atemorizado e quebrantado adolescente João, “Eis aí tua mãe.” (João 19:26-27)
O próximo clamor veio do início do Salmo 22, “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”
Ele passa horas de dor sem limite, ciclos de contorção, câimbras nas juntas, asfixia intermitente e parcial, intensa dor por causa das lascas enfiadas nos tecidos de suas costas dilaceradas, conforme ele se levanta contra o poste da cruz. Então outra dor agonizante começa. Uma profunda dor no peito, enquanto seu pericárdio se enche de um líquido que comprime o coração.
Lembramos o Salmo 22 versículo 14 “Derramei-me como água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, derreteu-se dentro de mim.”
Agora está quase acabado - a perda de líquidos dos tecidos atinge um nível crítico - o coração comprimido se esforça para bombear o sangue grosso e pesado aos tecidos - os pulmões torturados tentam tomar pequenos golpes de ar. Os tecidos, marcados pela desidratação, mandam seus estímulos para o cérebro.
Jesus clama “Tenho sede!” (João 19:28)
Lembramos outro versículo do profético Salmo 22 “Secou-se o meu vigor, como um caco de barro, e a língua se me apega ao céu da boca; assim, me deitas no pó da morte.”
Uma esponja molhada em “posca”, o vinho azedo que era a bebida dos soldados romanos, é levantada aos seus lábios. Ele, aparentemente, não toma este líquido. O corpo de Jesus chega ao extremo, e ele pode sentir o calafrio da morte passando sobre seu corpo. Este acontecimento traz as suas próximas palavras - provavelmente, um pouco mais que um torturado suspiro “Está consumado!”. (João 19:30)
Sua missão de sacrifício está concluída. Finalmente, ele pode permitir o seu corpo morrer.
Com um último esforço, ele mais uma vez pressiona o seu peso sobre os pés contra o cravo, estica as suas pernas, respira fundo e grita seu último clamor: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lucas 23:46).
O resto você sabe. Para não profanar a Páscoa, os judeus pediam para que o réus fossem despachados e removidos das cruzes. O método comum de terminar uma crucificação era por crucificatura, quebrando os ossos das pernas. Isto impedia que a vítima se levantasse, e assim eles não podiam aliviar a tensão dos músculos do peito e logo sufocaram. As pernas dos dois ladrões foram quebradas, mas, quando os soldados chegaram a Jesus viram que não era necessário.
Conclusão
Aparentemente, para ter certeza da morte, um soldado traspassou sua lança entre o quinto espaço das costelas, enfiado para cima em direção ao pericárdio, até o coração. O verso 34 do capítulo 19 do evangelho de João diz: "E imediatamente verteu sangue e água." Isto era saída de fluido do saco que recobre o coração, e o sangue do interior do coração. Nós, portanto, concluímos que nosso Senhor morreu, não de asfixia, mas de um enfarte de coração, causado por choque e constrição do coração por fluidos no pericárdio.
Assim nós tivemos nosso olhar rápido – inclusive a evidência médica – daquele epítome de maldade que o homem exibiu para com o Homem e para com Deus. Foi uma visão terrível, e mais que suficiente para nos deixar desesperados e deprimidos. Como podemos ser gratos que nós temos o grande capítulo subseqüente da clemência infinita de Deus para com o homem – o milagre da expiação e a expectativa da manhã triunfante da Páscoa.
© Copyright C. Truman Davis
C. Truman Davis é um Oftalmologista nacionalmente respeitado, vice-presidente da Associação Americana de Oftalmologia, e uma figura ativa no movimento de escolas Cristãs. Ele é o fundador e presidente do excelente Trinity Christian School em Mesa, Arizona, e um docente do Grove City College.
[Esta tradução foi realizada para o site www.hermeneutica.com baseada em várias versões deste relato em inglês e traduções em português. Não há restrição quanto à reprodução desta versão do relato médico. No entanto, pedimos que os interessados tenham a consideração de preservar as referencias à autoria original e uma referencia ao site da www.hermeneutica.com]

O DISCÍPULO E O MESTRE

O DISCÍPULO NÃO ESTÁ ACIMA DO SEU MESTRE
              de Álvaro César Pestana
Embora o termo discípulo ocorra quase cento e cinqüenta vezes nos evangelhos sinópticos, nas palavras de Jesus ele só é encontrado nove vezes. Isto quer dizer que o ditado que vamos estudar neste capítulo é muito importante para compreender como Jesus encarava o modo de ser discípulo dele.
LIMITAÇÃO, IMITAÇÃO E PARTICIPAÇÃO
"O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor e nem o enviado acima de quem o enviou". Com expressões como estas vemos a enunciação de uma lei geral sobre o ser e fazer discípulos. Jesus usou este provérbio em pelo menos quatro situações distintas que deixam transparecer três leis para o discípulo: 1. A lei da limitação; 2. A lei da imitação: 3. A lei da participação.
Este provérbio apresenta-se em três formas equivalentes: (a) "O discípulo não está acima do seu mestre", (b) "O servo não é maior do que seu senhor"; (c) "... nem o enviado maior do que aquele que o enviou ". As metáforas mudam, mas a mensagem dos provérbios é sempre a mesma.
A LEI DA LIMITAÇÃO: O MESTRE É O LIMITE
"O discípulo não está acima do mestre: todo aquele, porém, que for bem instruído será como seu mestre" (Lucas 6.40). Jesus enunciou assim o princípio da limitação do aluno ao seu professor. O máximo que um discípulo conseguirá, depois de aprender tudo, é ser igual ao seu mestre. Este princípio vale para a maioria das áreas da vida, mas especialmente para a vida espiritual.
Jesus ilustrou este princípio com a parábola do cego que guia outro cego: "Pode porventura um cego guiar outro cego? Não cairão ambos no barranco?" (Lucas 6.39). Se o mestre for "cego", seus alunos não serão melhores do que ele; o fim de todos, mestre e alunos, será um "barranco" da vida.
Outra ilustração para o mesmo princípio é a "piada" do homem que quer ajudar seu irmão a tirar um cisco do olho, enquanto ele mesmo tem em seu próprio olho uma "tábua" inteira! Que falsidade: oferecer uma ajuda que, na realidade, não tem condições de dar (Lucas 6.41-42).
No fim de tudo, devemos lembrar que a árvore só pode dar o que tem, ou seja, o mestre só pode transmitir aquilo que ele é. A árvore boa dá bons frutos: a árvore má dá frutos maus. O ensino do mestre vai revelar o seu coração. Um homem não pode tirar o bem do coração mau (Lucas 6.43-45). Vamos lembrar então que Jesus nos adverte: "O discípulo não está acima do mestre. " O Mestre é o limite do desenvolvimento do discípulo.
A LEI DA IMITAÇÃO: O MESTRE É O EXEMPLO
"Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que o seu senhor, nem o enviado maior cio que aquele que o enviou. Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes" (João 13.15-17). O princípio da imitação foi enunciado em um momento crucial da vida dos discípulos. Eles estavam recusando a tarefa de lavar os pés uns dos outros antes da refeição. Ninguém queria "rebaixar-se" para servir os outros. Jesus levanta-se então da mesa, tirou a roupa de cima e passou a lavar os pés dos discípulos.
Depois perguntou: "Compreendeis o que vos fiz?" A lição era óbvia, Jesus enunciou-a com mais clareza ainda quando explicou: "Se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros" (João 13.14). Os discípulos precisam imitar o Mestre.
O objetivo do discípulo é ser como seu mestre (Mateus 10.24-25; Lucas 6.40). Devemos estar dispostos para realizar qualquer tarefa que o Mestre faria. Vamos imitar nosso Mestre, pois o discípulo não está acima do mestre.

A LEI DA PARTICIPAÇÃO: O MESTRE É A CONSEQÜÊNCIA
"Lembrai-vos da palavra que eu vos disse: não é o servo maior do que seu senhor: Se me perseguiram a mim, também perseguirão a vós outros; se guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa" (João 15.20). Advertência e privilégio. O discípulo participa da vida e obra do mestre. Na verdade, o discípulo é o continuador da obra do mestre, de modo que ele também recebe a mesma resposta que o mestre recebeu: ódio e perseguição dos que odiaram e perseguiram o mestre; e fraternidade e aceitação daqueles que também vão tornar-se discípulos do mestre através deles.
Esta é a lei da participação. O discípulo de Cristo participa daquelas mesmas coisas que Cristo participou. Coisas boas e coisas desagradáveis. É um engano pensar que seremos melhores ou mais bem-sucedidos que nosso Mestre. Jesus é o exemplo e o limite. Dele não podemos passar. A conseqüência de ser discípulo é ser tratado como trataram nosso Mestre.
"O discípulo não está acima do seu mestre, nem o servo, acima do seu senhor: Basta ao discípulo ser como o seu mestre, e ao servo, como o seu senhor: Se chamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos" (Mateus 10.24-25). O discípulo recebe as conseqüências da vida do mestre. Logo depois disto, o texto diz, três vezes: "Portanto, não os temais" (Mateus 10.26,28,31). Não devemos temer, mas ficar alegres por ser "co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos alegreis exultando" (1 Pedro 4.13). A maior glória do discípulo é ser identificado com o seu mestre. Vamos ser tratados como trataram nosso mestre; este é o nosso papel, pois o discípulo não está acima do mestre.
APLICAÇÃO 
As aplicações deste provérbio de Jesus que queremos ressaltar são: 
1. Escolha bem seu mestre. Jesus proibiu-nos de aceitar um ser humano como nosso mestre, já que este lugar pertence somente a ele (Mateus 23.8). Os mestres humanos limitam e atrofiam o cristão impedindo que ele cresça até a estatura de Cristo (Efésios 4.13). "Maldito o homem que confia no homem... Bendito o homem que confia no SENHOR..." (Jeremias 17.5-8). Todo ser humano é meio cego, ou tem uma trave no olho: não serve de modelo para nós. O único modelo perfeito é o Senhor Jesus Cristo. Se o nosso limite for Jesus, não haverá limites para o crescimento espiritual.
2. Imite Jesus. A razão de sermos discípulos é aprender dele e imitá-lo. Desta forma, não há tarefa nenhuma que Jesus tenha feito que nós não queiramos fazer. Jesus nos deixou o exemplo (1 Pedro 2.21; João 13.15). A vida de Jesus não é somente história: é um manual de instruções; não é somente a vida dele, mas deve ser também a nossa.
3. Participe da missão de Jesus. Perseguição no meio de pregação foi a marca do ministério de Jesus e dos primeiros discípulos. Também deve ser a nossa marca. Não se trata de buscar uma "oposição gratuita", mas, sendo como o Mestre, seremos perseguidos (2 Timóteo 3.12).


O CONTROLE REMOTO E A CRUZ

O Controle Remoto e a Cruz

                                  de Dennis Downing
O controle remoto é um aparelho bastante útil. Durante qualquer filme nós podemos pular partes ou voltar atrás para cenas interessantes.
Quando um acidente ocorre podemos voltar para o momento antes.
Quando uma pessoa fala algo que não devia, podemos retornar ao momento antes que ela falou.
Podemos até parar uma bala no tempo e impedir que uma pessoa morra.
Tudo isso com o controle remoto.
Não seria bom se tivéssemos um controle remoto para a vida?
No filme “Click” (2006) Adam Sandler faz o papel de um arquiteto sobrecarregado que descobre um controle remoto universal que permita ele parar tudo ao seu redor enquanto ele faz o que quer.
Ele pode pular situações complicadas, ou adiantar momentos de vitória na sua vida pessoal.
Ele pode até voltar atrás na vida.
Só tem um porém.
Ele não pode mudar o passado.
Você já queria mudar algo que você fez na vida?
Você já teve vontade de voltar atrás em algo que você falou?
Já queria apagar uma frase, ou retirar uma declaração?
Teve alguma situação na sua vida em que você fez algo que, você daria qualquer coisa para desfazer?
Como seria bom se tivéssemos um controle remoto universal para voltar atrás em nossas vidas!
Aquela palavra, aquele ato, aquela reação, aquela atitude.
Como seria bom se pudéssemos voltar no tempo e mudá-los.
Mas, não podemos.
E a gente sabe que, porque não podemos apagar aquela palavra, ou retirar aquela frase, algumas pessoas nunca vão esquecer.
E algumas delas nunca nos deixam esquecer.
Não podemos rebobinar aquela tapa.
Não podemos retirar aquele empurrão.
Não podemos limpar a traição.
Nem conseguimos tirar da nossa memória o efeito daquela droga, daquela garrafa, daquela loucura.
Mas, o pior não é que o que os outros não nos deixam esquecer.
O pior é o que nós não conseguimos deixar de lembrar.
Um dos piores castigo é a nossa própria memória.
Pode ser que nenhuma outra pessoa nesse salão, nem seu marido, nem sua esposa, nem seus pais, nem seu melhor amigo – sabe.
Mas, você sabe.
E você sabe que Deus sabe.
Ficamos pensando, será que Jesus vai me perdoar?
Será que ele perdoa aquele pecado?
Será que ele perdoa o número de vezes que eu caí naquele pecado?
Será que há perdão para mim?
Você já lutou com essa dúvida?
Você já ficou angustiado, perturbado, com medo de que Deus não perdoaria o seu pecado?
Uma das razões que é difícil acreditar no perdão de Deus é porque todo mundo sabe que o certo é: se você errou, você tem que pagar.
Quem cometeu o crime é que deve que ser punido.
Quem infringiu a lei é que deve pagar.
Todo nosso sistema de justiça é baseado nesse princípio.
Então dentro de nós, nós sentimos – eu vou ter que pagar por isso.
Nós sabemos – isso é o certo.
Mas, ao mesmo tempo, a gente tem pavor de encarar a punição.
Se você já se perguntou se Deus pode lhe perdoar, se Jesus pode lavar o seu pecado, vá comigo para: Lucas 23:32-43 (NVI)
32 Dois outros homens, ambos criminosos, também foram levados com ele, para serem executados.
33 Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, ali o crucificaram com os criminosos, um à sua direita e o outro à sua esquerda.
34 Jesus disse: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo”. Então eles dividiram as roupas dele, tirando sortes.
35 O povo ficou observando, e as autoridades o ridicularizavam. “Salvou os outros”, diziam; “salve-se a si mesmo, se é o Cristo de Deus, o Escolhido.”
36 Os soldados, aproximando-se, também zombavam dele. Oferecendo-lhe vinagre, 37 diziam: “Se você é o rei dos judeus, salve-se a si mesmo”.
38 Havia uma inscrição acima dele, que dizia: ESTE É O REI DOS JUDEUS.
39 Um dos criminosos que ali estavam dependurados lançava-lhe insultos: “Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós!”
40 Mas o outro criminoso o repreendeu, dizendo: “Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença?
41 Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos atos merecem. Mas este homem não cometeu nenhum mal”.
42 Então ele disse: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino”.
43 Jesus lhe respondeu: “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso”.
Como Deus não faz nada por acaso, eu acredito que o fato de Jesus ser crucificado entre dois criminosos também foi conforme o plano de Deus.
Você tem:
Dois homens.
Duas respostas a Jesus.
Um crê.
O outro zomba.
Um despreza.
O outro pede.
Um morre sozinho.
O outro passa para a eternidade na companhia do Rei dos Reis.
Quando o “bom ladrão” pediu a Jesus que o lembrasse, será que ele estava confiante em ter seus pecados perdoados?
Eu penso que não.
Eu penso que, ele, como eu, e talvez como você, tinha medo de enfrentar o juízo.
Ele temia não estar pronto para o julgamento final.
Se ele pudesse ter voltado atrás e ter mudado tudo em sua vida, não tenho dúvida que ele teria feito naquela hora.
Mas, ele não podia.
Nem tampouco ele tinha como pagar o preço pelo que fez.
Mas, ele descobriu que estava pendurado ao lado de quem podia.
E, contra tudo que o bom senso e a lógica diziam, ele pediu, ele clamou por misericórdia.
E ele achou.
Por que?
Porque foi para isso que Jesus veio.
Jesus não veio para condenar, ele veio para salvar. (Lucas 19:10)
E foi isso que Jesus fez até os últimos momentos da vida dele.
É isso que ele quer fazer para você ainda hoje.
Se você tiver algo, ou algumas coisas, ou talvez uma vida inteira de atos e palavras e atitudes que você queria mudar, venha para Jesus.
Chegue perto do Carpinteiro de Nazaré.
A especialidade dele é concertar vidas.
E não é difícil.
Quanto custou o criminoso na cruz?
Apenas uma frase.
Apenas um pedido – à pessoa certa.
E Jesus promete – tudo perdoado – e paraíso para você.
Algumas pessoas fora da igreja pensam que é o “clube dos certinhos”.
Algumas pessoas dentro da igreja pensam que é o “clube dos certinhos”.
A igreja não e isso.
A igreja é um hospital.
É um abrigo.
É um refúgio.

A igreja é o último lugar onde alguém devia se sentir orgulhoso e o primeiro lugar onde os fracassados e quebrantados devem se sentir “em casa”.
Por que?
Porque aqui, todo mundo é pecador assumido.
A igreja é o lugar daqueles que estão em processo de transformação.
É o lugar dos pecadores, e dAquele que os transforma em santos (Heb 2:11; 10:14).
Você não tem um controle remoto, que lhe permita voltar atrás no tempo.
Você não tem como rebobinar sua vida.
Você não tem como desfazer seus pecados.
Não tem como retirar suas palavras que machucaram, seus atos que feriram, suas atitudes que magoaram.
Você não tem como fazer nada isso.
Mas, Jesus tem algo melhor.
Ele tem como limpar todo seu passado.
É isso que ele quer fazer para você a partir de hoje.
Jesus começou a obra na cruz de Calvário.
E ele quer terminá-la ainda hoje em sua vida.
Você está pronto para deixá-Lo?
A Páscoa não é sobre ovos de chocolate e coelhinhos.
Isso é para os comerciantes venderem suas mercadorias.
A Páscoa é sobre sangue e morte e redenção.
Tudo que a gente encontra num cântico favorito meu.
SEJA BENDITO O CORDEIRO que na cruz por nós padeceu.
Seja bendito o Seu sangue que por nós pecadores verteu.
Eis nesse sangue lavados, com roupas que tão alvas são,
Os pecadores remidos, que perante seu Deus hoje estão!
Coro: Alvo mais que a neve! Alvo mais que a neve!
Sim, nesse sangue lavado, mais alvo que a neve serei!
(“Doxologia” de Kleber Lucas)
Jesus pode perdoar os seus pecados?
Ele não só pode, ele morreu na cruz para provar que pode e que quer.
“ Eu?”, você pergunta.
Jesus quer me perdoar?
Eu com tantos pecados e falhas?
Tão fracassado. Tão insignificante?
Por que Jesus queria perdoar uma pessoa como eu?
Volte mais uma vez para Calvário.
Pense nos últimos momentos da vida de Jesus.
Você lembra aquele último pedido feito a ele?
Você lembra a resposta de Jesus?
Quem foi que Jesus escolheu para levar desta vida para a glória?
Quem foi que ele prometeu que entraria na eternidade ao seu lado?
Foi seu discípulo mais fiel?
Foi um apóstolo ou pregador famoso?
Foi um príncipe ou um profeta?
Nenhum destes.
Foi um criminoso confesso, um pecador assumido, um Zé ninguém cujo nome até hoje é desconhecido.
Mas, o homem teve a ousadia de pedir a Jesus misericórdia.
Pense como Jesus respondeu àquele humilde pedido.
Você quer pedir algo a Jesus?
Você precisa da misericórdia, do perdão dEle?
Agora você sabe a resposta.
Já dá para imaginar as bênçãos que lhe esperam.
Jesus está pronto.
Só falta você.

A PALAVRA DE DEUS

A Palavra de Deus

                                             de Dennis Downing
Você já foi mal-compreendido por alguém?
Alguém já distorceu suas palavras?
Como é que Deus se sente quando fazemos isso com as palavras dEle?
É comum hoje em dia escutar pessoas usando o nome de Deus para apoiar tantas coisas. “Deus disse isso.”
“Deus me revelou aquilo.”
“A Palavra do Senhor veio a mim hoje de manhã e Ele falou …”
Um grupo afirma que tal forma de se vestir é categoricamente proibido por Deus e outro grupo declara que não tem nada a ver.
Um grupo diz que Deus proíbe uma determinada prática e outro grupo diz que só assim é que uma pessoa pode ser salva.
Por que tantos ensinamentos contrários hoje em dia?
Como é que vamos saber a verdade?
Uma coisa é certa, com tantos ensinamentos e declarações divergentes, se nós não consultamos a Palavra de Deus, cada um de nós podemos errar e pagar pelas nossas almas por causa desse erro.
“Saul voltou da luta contra os filisteus e disseram-lhe que Davi estava no deserto de En-Gedi. Então Saul tomou três mil de seus melhores soldados de todo o Israel e partiu à procura de Davi e seus homens, perto dos rochedos dos Bodes Selvagens. Ele foi aos currais de ovelhas que ficavam junto ao caminho; havia ali uma caverna, e Saul entrou nela para fazer suas necessidades. Davi e seus soldados estavam bem no fundo da caverna.
Eles disseram: ‘Este é o dia sobre o qual o SENHOR lhe falou: “Entregarei nas suas mãos o seu inimigo para que você faça com ele o que quiser” ’. Então Davi foi com muito cuidado e cortou uma ponta do manto de Saul, sem que este percebesse.
Mas Davi sentiu bater-lhe o coração de remorso por ter cortado uma ponta do manto de Saul, e então disse a seus soldados: ‘Que o SENHOR me livre de fazer tal coisa a meu senhor, de erguer a mão contra ele, pois é o ungido do SENHOR’.
Com essas palavras Davi repreendeu os soldados e não permitiu que atacassem Saul. E este saiu da caverna e seguiu seu caminho.” 1 Samuel 24:1-7 (NVI)
Os homens de Davi disseram que aquilo era o cumprimento de uma profecia. Eles afirmaram que Deus havia falado sobre aquele dia. Por um momento Davi até acreditou e agiu conforme as declarações dos seus homens.
Depois, Davi se arrependeu e voltou atrás.
Como é que até Davi foi enganado? Foi pelos mesmos motivos que muitos de nós hoje somos enganados quando pessoas dizem falar por Deus, mas, apenas falam opiniões de homens:
1. Cassado impiedosamente por um rei enfurecido, ele começou a agir movido pela emoção do momento.
2. Ele foi influenciado por pessoas perto dele. Esses homens haviam lutado ao seu lado. Certamente eles queriam o melhor para Davi.
3. Ele julgou pela lógica. Parecia que Saul havia caído numa armadilha que só podia ser preparada por Deus.
4. Seria muito cômodo para Davi seguir este conselho. Ele se livraria logo do seu pior inimigo.
Só havia um problema: Deus nunca disse “Entregarei nas suas mãos o seu inimigo para que você faça com ele o que quiser”.
Nenhuma vez em toda a Escritura Deus disse isto.
Deus nunca mandou Davi matar Saul.
Davi por pouco não cometeu um grave pecado, porque seus melhores amigos disseram “o Senhor te disse” - algo que o Senhor nunca disse.
O problema não foi nem o conselho em si, mas o fato deles terem falado que isto veio de Deus. Aquele conselho não veio de Deus. Mas, porque alguém disse que veio de Deus, até Davi foi enganado. O engano foi temporário, Davi enxergou o erro e não seguiu o conselho. Mas, quantas pessoas hoje em dia são enganadas de forma parecida? Quantas pessoas seguem conselhos “de Deus” que Deus mesmo nunca mandou?
Você já se sentiu alguma vez movido a agir pela emoção?
Já foi influenciado por pessoas perto de você?
Já se viu fazendo suas decisões baseado na sua lógica, ao invés de na lógica de Deus?
Já agiu conforme o que para parecia melhor para você?
Tudo porque pensou que no fundo era a vontade de Deus?

Qual o nosso ponto de referência?
Qual a base das nossas decisões?
Emoção? Lógica? O que nossos pais, ou melhores amigos dizem? Se o pregador ou pastor declarar que algo for da Palavra de Deus, será que devemos simplesmente acreditar e seguir? Ou será que não é melhor sempre conferir na Palavra de Deus?
Se um homem como Davi poderia ser enganado, você não acha que você também pode?
Na igreja da qual faço parte, pessoas que nos visitam ficam admiradas com nossa ênfase na Bíblia. Alguns até acham que somos apegados demais à Bíblia. Conheço igrejas onde Deus supostamente faz novas revelações e comunica orientações sempre “atualizadas” aos seguidores. Tem muito “Deus me revelou…” e “Deus falou para mim…”. Mas, às vezes eu fico admirado porque muitos membros dessas igrejas conhecem tão pouco a Palavra de Deus.
Será que essa foi a única vez na vida de Davi em que ele foi enganado por pessoas que acharam que tinham a palavra de Deus, mas não tinham?
“Davi perguntou ao hitita Aimeleque e a Abisai, filho de Zeruia, irmão de Joabe: ‘Quem descerá comigo ao acampamento de Saul?’ Disse Abisai: ‘Irei com você’. Davi e Abisai entraram à noite no acampamento. Saul estava dormindo, e tinha fincado sua lança no chão, perto da cabeça. Abner e os soldados estavam deitados à sua volta.
Abisai disse a Davi: ‘Hoje Deus entregou o seu inimigo nas suas mãos. Agora deixe que eu crave a lança nele até o chão, com um só golpe; não precisarei de outro’. Davi, contudo, disse a Abisai: ‘Não o mate! Quem pode levantar a mão contra o ungido do SENHOR e permanecer inocente?’.” 1 Sam 26:8-9 (NVI)
Abisai, o irmão de Joabe disse: “Hoje Deus entregou o seu inimigo nas suas mãos...”
Abisai era um homem em quem Davi tinha toda razão para confiar. Ele era um homem que usou do nome do Senhor. Toda a lógica estava com ele. Parecia que só Deus poderia realizar uma façanha daquelas. A perseguição de Saul a Davi era totalmente injusta. E Davi era o rei verdadeiro.
Só tinha um problema – aquela oportunidade não veio de Deus.
Se Davi tivesse seguido este conselho, ele estaria pecando contra o Senhor.
No Rio de Janeiro, a Praça da Apoteose, o lugar do desfile das escolas de samba durante o Carnaval, tem um nome significante. Sabe o que significa a palavra “apoteose”? A palavra significa “divinização”, ou seja, “fazer deuses”. Toda a atenção, o esforço, a admiração que é dedicada àquilo que é realizado naquele lugar não deixa dúvida – é uma divinização, um endeusamento.
Um carioca saindo de um culto religioso no Maracanãzinho durante Carnaval declarou: “Brincar Carnaval não tem problema. Mas, devemos dar um momento para Deus também.”
Um momento?
Um momento para Deus?
Sim, é isso que Deus recebe da maioria das pessoas hoje em dia. Um momento. E só. Não é de se admirar que tantas pessoas dizem “Deus me falou…” de coisas que Deus nunca falou e “Deus me revelou…” de coisas que Deus nunca revelou.
Quando só damos um momento para Deus o que é que devemos esperar? Os verdadeiros discípulos de Jesus não brincam Carnaval. Mas, será que o que nós damos a Deus é também apenas um “momento”? Quanto tempo você dá para o estudo da Palavra de Deus? Quanto tempo você realmente separa para ouvir a verdadeira voz de Deus? Comparado com o tempo que você passa no trabalho, ouvindo rádio, ou assistindo novela, ou jornal, ou filme, ou surfando na Internet, será que não é só “um momento”?
“O rei Davi já morava em seu palácio e o SENHOR lhe dera descanso de todos os seus inimigos ao redor. Certo dia ele disse ao profeta Natã: ‘Aqui estou eu, morando num palácio de cedro, enquanto a arca de Deus permanece numa simples tenda’. Natã respondeu ao rei: ‘Faze o que tiveres em mente, pois o SENHOR está contigo’.” 2 Samuel 7:1-3 (NVI)
Davi queria construir um templo para o Senhor. Ele falou do seu plano para o homem de Deus, o profeta Natã. O profeta disse efetivamente “Faça o templo.”
Natã era um homem em quem Davi tinha toda razão para confiar. Toda a lógica estava com ele. Este ato seria o que Davi mais queria. Seria um serviço para o Senhor. Um profeta, um porta-voz de Deus, falou em nome de Deus.
Só tinha um problema. O profeta falou sem consultar a Deus. O que ele falou não foi a vontade de Deus.
“E naquela mesma noite o SENHOR falou a Natã: ‘Vá dizer a meu servo Davi que assim diz o SENHOR: Você construirá uma casa para eu morar?’. … Quando a sua vida chegar ao fim e você descansar com os seus antepassados, escolherei um dos seus filhos para sucedê-lo, um fruto do seu próprio corpo, e eu estabelecerei o reino dele. Será ele quem construirá um templo em honra ao meu nome, e eu firmarei o trono dele para sempre’.” - 2 Samuel 7:4-5; 12-13
Não ia ser Davi quem iria construir o templo de Senhor, mas seu filho Salomão. Natã errou quando ele disse para Davi ir em frente. Natã não tinha a palavra do Senhor quando ele disse para Davi fazer o que ele bem queria.
Será que isso já aconteceu com você? Um pastor ou pregador ou “profeta” declarou algo a você como vindo de Deus, mas, não foi Deus que falou? Se podia acontecer entre um verdadeiro profeta e um legítimo rei, imagine entre nós.
Será que podemos então conhecer a verdade? Sim. É simples. Sempre consultando a Palavra de Deus primeiro. O erro de cada um dos homens que errou em seu proceder é tão simples para corrigir. Basta que adotemos a disciplina da leitura e do estudo da Palavra de Deus. Quanto mais conhecemos a Palavra de Deus, mais vamos conhecer sua voz e sua verdade.
Os três casos de pessoas que falaram da parte de Deus, mas, contrário à vontade dEle tinham algo em comum: Todos falaram sem consultar o Senhor.
Como é que nós podemos consultar o Senhor hoje? A Palavra dEle está nas nossas mãos. Basta a gente abrir e ler. Logo vamos começar a ouvir a verdadeira voz de Deus.

ACIMA DA MORTE

Jesus e a morte

                                                de Dennis Downing
Logo depois, Jesus foi a uma cidade chamada Naim, e com ele iam os seus discípulos e uma grande multidão. Ao se aproximar da porta da cidade, estava saindo o enterro do filho único de uma viúva; e uma grande multidão da cidade estava com ela. Ao vê-la, o Senhor se compadeceu dela e disse: “Não chore”.
Depois, aproximou-se e tocou no caixão, e os que o carregavam pararam. Jesus disse: “Jovem, eu lhe digo, levante-se!” O Jovem sentou-se e começou a conversar, e Jesus o entregou à sua mãe. Todos ficaram cheios de temor e louvavam a Deus. “Um grande profeta se levantou entre nós”, diziam eles. “Deus interveio em favor do seu povo.” Essas notícias sobre Jesus espalharam-se por toda a Judéia e regiões circunvizinhas.
- Lucas 7:11-17
Duas grandes multidões se encontram. Uma segue um corpo morto. Outra segue o Senhor da vida. Até hoje a humanidade se divide nestes dois. Infelizmente, ainda hoje o maior grupo não segue o caminho da vida, mas, rumo ao cemitério.
Quando Jesus diz para a mãe não chorar, não é que ele despreza a sua dor. Marido morto, filho único sendo carregado para o enterro. A dor dela era demais para agüentar. Será que Jesus pensou em sua própria mãe, que em breve estaria passando por isso?
Jesus compreende nossas dores. Ele sente nossas perdas. E ele nos conforta com o anúncio de que a hora de chorar terá fim.
Primeiro, as palavras de Jesus penetram a terrível dor de uma viúva que acaba de perder seu único filho. Depois elas passam pela escuridão do além e chamam de volta aquele que ela havia perdido para sempre. Compaixão. Poder. Os homens que têm um, raramente possuem o outro. Jesus reúne os dois como ninguém antes ou depois.
Quando Jesus ressuscitou o filho da viúva, ele mostrou que a morte não tem a última palavra. A última palavra é de Jesus. É a palavra mais poderosa que existe, e é uma palavra temperada com compaixão. Como Max Lucado observou, Jesus "não ressuscitou os mortos por causa dos mortos. Ele ressuscitou os mortos por causa dos vivos". Um dia, toda a dor e sofrimento, todas as perdas que nos rondam se renderão à palavra de Jesus. Quando Jesus fala, até a morte tem que recuar.
Graças a Deus pela esperança viva e verdadeira que temos em Jesus!

OU ESTAMOS COM JESUS OU ESTAMOS SEM ELE

LONGE DE JESUS, OU COM ELE

 
                     de D.M. Lloyd-Jones


Hoje quero chamar sua atenção para esses dois versículos porque eles parecem resumir em si a humanidade toda, e indicam as duas únicas categorias em que é possível dividir a raça humana. Todos nós pertencemos a um desses dois grupos. Ou queremos nos livrar de Cristo, ou então queremos estar com Ele, entregando-Lhe inteiramente a nossa vida. Não existe uma terceira alternativa. Ou somos a favor dEle, ou contra Ele. Mas a natureza humana é tão enganadora que estamos sempre tentando evitar essa divisão básica, e tentando persuadir-nos que há inúmeras outras categorias. Sentimos que essa separação distinta revelada nesta passagem — entre a atitude dos gadarenos em geral e a deste homem em particular — é muito extremada, e portanto não se ajusta à média. Lemos que essas pessoas "começaram a rogar-lhe que saísse dos seus termos" — ou, como Lucas o expressa, "a multidão... lhe rogou que se retirasse deles", que partisse, e temos a tendência de nos proteger atrás desses termos extremados. Eles quase sugerem violência, e sentimos que, qualquer que seja a nossa atitude, nem nos piores momentos temos rogado que Cristo Se retirasse. Todavia, todo o ensino do evangelho deixa claro que estamos em um desses dois grupos. Em última análise, o que importa não são os meios ou métodos que adotamos, nem se somos violentos ou não, mas a condição do nosso coração. Resistência sempre é resistência, quer seja passiva ou ativa. Recusar honra a uma pessoa é o mesmo que desonrá-la. Um homem ataca com veemência e vituperação, mas aquele que simplesmente escarnece e zomba com desdém muitas vezes é um inimigo muito mais perigoso. Não é a forma ou expressão que importa, mas a condição e os motivos do coração. E minha convicção é que, considerado tudo, existem apenas dois motivos, duas atitudes em relação a Cristo e à salvação. Ou suplicamos que Ele Se vá, ou então rogamos que nos permita ir com Ele.

É porque falhamos em reconhecer isso hoje em dia que temos toda a confusão atual dentro e fora da Igreja. Insistimos em julgar os outros e a nós mesmos na base de um infinidade de padrões — pecados, boas obras, palavras, etc. Essas são nossas categorias. Falamos de pessoas como sendo respeitáveis ou não, ou falamos delas em termos de certos pecados em particular e a maneira como são cometidos, e assim confundindo a questão e fazendo um julgamento superficial. Essa sempre foi a tendência da humanidade, e sempre foi o maior inimigo que o evangelho teve que enfrentar. A essência do ensino do evangelho é que, em última análise, nada importa além da nossa atitude para com Cristo e a salvação que Ele nos trouxe de Deus. É por isso que ele é realmente o evangelho da graça de Deus. E é por isso que todos que verdadeiramente crêem nele devem ser gratos por toda a eternidade. O que me salva é que eu sou julgado por esse padrão. Se eu fosse julgado por meus próprios padrões de moralidade e comportamento, seria inevitavelmente condenado sem qualquer esperança ou recurso. Se eu fosse julgado pelas vidas dos santos, minhas chances de salvação seriam praticamente nulas. Se eu fosse julgado pela vida perfeita, revelada e vivida por Jesus Cristo de Nazaré, então estaria perdido. Mas, pela eterna graça de Deus, esse não é mais o teste. A questão agora é: O que eu faço com Ele? Qual é minha atitude para com Ele? Qual é minha atitude para com a salvação que Ele me oferece? Pela graça de Deus eu já não tenho que responder a pergunta: "Você é perfeito?" — para ser condenado de uma vez devido à minha imperfeição. Em Cristo, a pergunta agora é: "Você gostaria de ser perfeito? Anseia ser bom e puro e nobre?"

É aqui que muita gente boa se desvia, e é por isso que hoje quero chamar sua atenção para este conhecido incidente. Ele revela o novo teste de diferenciação introduzido pelo evangelho. O homem que foi liberto dos demônios não se tornou perfeito imediatamente. Na verdade, lemos que Cristo precisou corrigi-lo de certa forma, quanto a isso, e mostrar o que era certo. Oh, não! Ele não era perfeito! Não era isso que o diferenciava dos seus companheiros. O que era, então? Apenas isto: ele desejava estar com Cristo, ao passo que os demais queriam se livrar dEle! Em nenhum lugar do Novo Testamento o cristão é apresentado como alguém absolutamente perfeito e sem pecado. Cristão perfeito — essa é uma acusação falsa, levantada contra nós pelo mundo. O cristão é alguém que anseia ser perfeito e sem pecado, e se esforça para isso. Ainda que muitas vezes ele falhe e caia, e se sinta desanimado e abatido, ainda assim ele continua esperando, lutando e se esforçando em direção ao alvo. Como eu disse, pela graça de Deus não somos julgados na base do que somos, mas na base do que esperamos ser — daquilo que gostaríamos de ser! É tudo uma questão de motivação, de disposição fundamental. E, nesse nível, como eu já disse várias vezes, há somente duas posições possíveis. E é preciso que isso fique perfeitamente claro. Respeitabilidade, ou falta dela, não faz qualquer diferença aqui, cultura ou falta dela não tem influência neste ponto, pecados, evidentes ou secretos, são idênticos nesse nível, indiferença ou hostilidade ativa surgem como gêmeas, filhas dos mesmos pais aqui. Meu amigo, a questão é: qual é sua ambição? Você anseia ser santo? Quer conhecer a Deus e ser reconciliado com Ele? Nada mais que você faça tem qualquer importância. A única coisa que importa é: o que você sente a respeito de Cristo? Quer se livrar dEle, ou deseja estar com Ele? Porque, tão certo como você e eu estamos aqui, não há outra alternativa! Qual é sua posição? Seja sincero! Examine-se a si mesmo! Certifique-se quanto à sua posição nesta hora, com o auxilio do Espírito Santo, que está aqui para nos ajudar. Seu destino eterno pode depender disso.

Gostaria de ajudar a todos, indicando alguns dos meios pelos quais os homens mostram claramente que seu desejo é que Cristo Se retire — que eles realmente querem se livrar dEle. As promessas de Cristo durante Sua vida e ministério terreno provam conclusivamente que Ele está aqui conosco hoje, neste prédio — como sempre está presente em tais ocasiões. Mais do que isso — com que freqüência elas tem sido comprovadas na história subsequente da Igreja cristã! Não preciso me prolongar nisso — todos estamos conscientes desse fato. Sua presença também em ocasiões de doença, aflição e provações, todos temos que reconhecer. Ninguém pode sustentar, por um momento sequer, a declaração de que nunca teve a oportunidade de aceitá-lO ou rejeitá-lO. Não podemos vê-lO com os olhos da carne, como aquelas pessoas há dois mil anos atrás; mas "ainda que invisível, Ele está sempre presente". Ele nos apresenta Suas propostas, uma a uma. O convite é para "quem quiser". Oh, sim! Todos já sentimos a Sua presença! Mas que fizemos com Ele? Receio que muitos tenham feito o possível para se livrarem dEle, como as pessoas deste texto, rogando que Ele Se retirasse. Como fizeram isso? Aqui estão algumas das formas.

Talvez tenham deliberadamente se retraído, apagando o Espírito, durante um culto ou uma reunião. Um certo domingo, talvez sentados numa igreja, ouvindo o sermão, ou talvez em algum outro ponto do culto, eles se sentiram perturbados e comovidos. Algo os estava guiando e tocando. Sentiram "uma presença" e sabiam que Deus estava tratando com eles. Compreenderam que estavam sendo sensibilizados e enternecidos, que estavam ao ponto de perder o controle sobre si mesmos e fazer uma entrega. Já sentiam uma sensação parcial de liberdade e regozijo, mas, temendo que acabariam fazendo um escândalo ou se tornando objetos de zombaria, deliberadamente resistiram e tentaram se livrar daquela influência. E foram bem sucedidos. Em quê? Em afastarem Cristo!

Ou talvez sua experiência não tenha chegado a esse ponto, mas tiveram uma experiência, e souberam que Deus estava tratando com eles. Todavia, em vez de ansiarem e esperarem pelo próximo domingo, para correrem à casa de Deus, eles deliberadamente se mantiveram longe, ficando em casa. "Ah! disseram, "se eu voltar lá, certamente me converterei." E permaneceram longe. Por quê? Porque não queriam ser convertidos. Em outras palavras, fizeram o possível para se livrarem de Cristo.

Outro modo de fazer a mesma coisa é ignorar a voz da consciência e continuar deliberadamente fazendo as coisas contra as quais a voz de Deus em seu espírito os está advertindo. Pode ser um tipo de entretenimento ou prazer, ou pode ser um livro que tem o propósito específico de tentar ridicularizar a Bíblia e abalar a sua influência; ou pode ser feito através de sua contínua associação com pessoas cuja influência você sabe ser prejudicial e maléfica. Qualquer que seja a forma pela qual estamos desobedecendo a voz da nossa consciência, estamos simplesmente tentando nos livrar de Cristo.

Outra forma preferida é a de nos ocuparmos de tal maneira com outras coisas que não temos tempo para meditação ou reflexão. Tentamos excluir Cristo da nossa vida, ocupando-a com outras coisas — trabalho, negócios, família, amigos — qualquer coisa exceto Cristo. Mas não preciso entrar em detalhes. Todos estamos familiarizados com isso. Os pobres gadarenos o fizeram com Cristo nos dias da Sua humilhação. Nós o fazemos com Cristo em Sua exaltação! Eles rogaram que Jesus de Nazaré Se retirasse; nós excluímos da nossa vida o Senhor da glória! O que pode ser responsável por tal loucura? Considerando o que foi responsável por isso no caso deles, descobriremos as causas de nosso próprio caso. E depois de tratar disso, passaremos à tarefa mais agradável de mostrar o que, exatamente, levou esse endemoninhado que havia sido liberto a querer ir com Jesus.

Qual era o problema desses gadarenos?

A primeira coisa que é revelada com muita clareza nos relatos deste incidente é que eles estavam possuídos de um espírito de temor. Parece que esse milagre os alarmou, quase ao ponto do terror. E foi por causa desse alarme e temor que eles rogaram que Cristo Se retirasse. Quais são as causas desse temor? Quais são os elementos que, combinados, produzem esse estado de ansiedade na presença de Cristo? Vamos examinar alguns deles.

Não há dúvida que parte desse temor foi devido ao milagre em si, e aos extraordinários resultados que ele provocou. Não devemos ser muito críticos com esses gadarenos. Há um elemento na própria natureza de eventos miraculosos que inspira assombro e temor. No final do capítulo anterior lemos um relato do milagre que Jesus realizou no mar, acalmando a tempestade. E lemos que os discípulos "sentiram grande temor". Na verdade, essa foi a sua reação mais comum e freqüente a todas as expressões de poder miraculoso da parte do Senhor Jesus. Vemos isso novamente no Monte da Transfiguração. Os discípulos "tiveram grande medo". E todos nós, até certo ponto, experimentamos isso. Acaso não há um elemento de assombro e temor no nascimento e especialmente na morte? Os corações mais destemidos tremem na presença da morte. Aqui está um mistério — um senso de poder que não podemos compreender ou captar. E esses gadarenos sentiram isso a respeito de Cristo e do milagre que Ele tinha acabado de realizar. De certo modo era o temor do eterno e do onipotente — o temor do poder de Cristo. É essencialmente supersticioso; todavia, há nele um elemento que pertence à verdadeira religião. Mas estou me referindo a isso hoje porque sei que às vezes pode ser um fator muito importante na questão de conversão. Deus está tratando com um homem; o processo está em andamento. Mas ele hesita por causa dessa sensação de temor. Não sabe exatamente o que é, mas há uma vaga sensação de temor do infinito e do desconhecido. E o diabo está consciente disso, e o encoraja, e tenta persuadir a sua vítima inocente de que esse poder é prejudicial, que ele está perdendo o controle da sua vida, e pode vir a perder o juízo, a perder a razão. Então ele aconselha o convertido em potencial a esperar e a resistir, e a não se submeter dessa forma a um outro poder. E, em puro terror e medo, sem saber ou entender exatamente o que estão fazendo, muitos resistem. É uma experiência nova, e não conseguem entendê-la muito bem. O que tenho a dizer a respeito? Apenas isto: não prestem atenção ao diabo! O poder, ainda que seja grande, eterno e além da nossa compreensão, é não obstante o poder de Deus, a manifestação do amor eterno. Poder inescrutável! Sim! Mas o poder que acalma a tempestade, e restaura ordem ao caos. É onipotente. Mas também é bom. Não permitam que o poder os amedronte. É o poder de Deus!

Mas isso, por si só, não explica o temor desses gadarenos. Não há dúvida de que o que mais os amedrontou foi seu próprio senso de culpa. E a presença de Jesus Cristo sempre produz isso! Lembram-se do que Pedro sentiu quando inicialmente reconheceu o Senhor? "Senhor, ausenta-te de mim, que sou um homem pecador" (Lucas 5:8). No caso de Pedro, era um sentimento nobre de indignidade, além da sensação de culpa, mas o ponto principal, contudo, é o mesmo. A beleza sempre realça a feiúra, perfeição imaculada sempre desmascara a falsidade; nada revela com mais clareza o nosso vazio e nosso infortúnio do que as vidas dos santos e acima de tudo a vida do nosso bendito Senhor. Parados na presença dessa Pessoa impressionante, que acabou de realizar um feito tão assombroso, observando Sua mansidão e Sua calma, Suas maneiras sem afetação e Sua serena confiança, captando talvez um vislumbre de algo sobre-humano em Seus olhos, eles sentiram que eram vis e desprezíveis. Parecia que Ele estava abrindo os recessos dos seus corações, e lendo-os como um livro aberto. Assim como tinha expulso os demônios daquele homem, mandando-os para os porcos, assim Ele parecia capaz de ver através deles e perscrutar seus pensamentos mais íntimos. O que Ele não seria capaz de fazer? Eles se sentiram definhar em Sua presença. Se Ele não Se retiras-se logo, talvez eles fossem desmascarados na presença de todo mundo, tendo seus pecados revelados. E eles estavam com medo disso. Medo de si mesmos, medo de sua própria culpa, e medo do juízo que estava por vir! Era intolerável, por isso eles imploraram que Cristo Se retirasse. Ele os convenceu dos seus pecados e fez com que se vissem a si mesmos como realmente eram.

Homens e mulheres, hoje em dia, ainda estão tentando se livrar de Cristo, através dos vários métodos que mencionamos, por esta mesma razão. Ouvindo um sermão, começam a perceber que o evangelho está certo, e que eles estão errados. Seus pecados lhes são revelados, um a um. Sentem-se envergonhados e horrorizados. E ao ouvirem que há somente um destino para uma vida assim, sentem-se tomados de pânico e terror. Sabem que o evangelho está certo, e têm um vislumbre de sua própria condição sem esperança. Por isso não é de surpreender que se sintam apavorados e aterrorizados. De certa forma também não é de surpreender que imitem esses gadarenos, e tentem se livrar de Cristo. Estar sob convicção não só é muito incômodo, mas é alarmante e até mesmo aterrador. As pessoas se sentem desprezíveis e miseráveis. E os seres humanos têm a tendência de evitar algo que é tão perturbador. "Fiquem longe da igreja, parem de ler a Bíblia e de cantar hinos. Parem de fazer todas essas coisas que tendem a lembrá-los de sua pecaminosidade e da retribuição que está por vir." É o que uma voz sussurra dentro de nós. "Fiquem longe disso tudo!" Não gostamos de nada que nos faça infelizes ou miseráveis, e a princípio esse é exatamente o efeito produzido pela presença de Cristo. Ele nos desmascara e esquadrinha o nosso interior até as maiores profundezas. Sim! A convicção de pecado é algo desagradável e alarmante, e a natureza humana faz o possível para escapar dela e evitá-la e se livrar dela. Mas, oh, que erro, que tragédia! Se tão somente compreendêssemos que Cristo faz isso para o nosso bem! Se compreendêssemos que este é o primeiro estágio essencial no processo de endireitar a nossa vida! Se compreendêssemos que é o prelúdio da conversão — que Aquele que nos dá a consciência de culpa também pode removê-la, se apenas permitirmos que Ele o faça. Em vez de fugirem ou se manterem longe porque a convicção é muito dolorosa, agradeçam a Deus por ela e peçam que Ele complete a obra!

Mas devo chamar sua atenção para o outro elemento deste temor. Era, tenho certeza, um sentimento de que Aquele que fizera tudo aquilo pelo endemoninhado, e que tinha feito aquilo aos porcos, não só tinha poder suficiente para fazer o mesmo a eles, mas provavelmente insistiria em usar esse poder! Ele parecia ser capaz de fazer qualquer coisa, e ninguém poderia impedi-lO. Há os que sugerem que foi a perda dos porcos que causou aquele sentimento. Talvez tenha sido assim, em parte, mas uma perda maior estava envolvida. Ele mudaria suas vidas completamente. Ele os controlaria e governaria. E isso significaria um fim a tudo o que eles gostavam e em que se deleitavam. Teriam que renunciar a todos os seus pecados. Seria o fim de todos os seus prazeres, e eles perderiam a sua "liberdade" — seriam Seus escravos! Era uma derradeira e desesperada luta por sua "liberdade". Não experimentamos, todos nós, esse sentimento, uma vez ou outra? Esse medo, esse terror? Visualizamos a transformação que ocorreria em nossa vida — renúncia a certas coisas para sempre; uma revolução total em nosso estilo de vida; separação de velhos amigos; tudo de que gostamos sendo removido, para ser substituído por muitas coisas de que não gostamos. Ah, provavelmente há muitas pessoas aqui, hoje, que estão preparadas para aceitar o evangelho de forma geral, mas que se retraem e resistem quando percebem que ele significa e envolve certas coisas. Entrega absoluta a Cristo! Aí está — estão quase ao ponto de se decidirem. Mas dizer "adeus" a certas coisas para sempre! Não! Não podem fazê-lo. Sim! Seguir a Cristo pode significar perdas financeiras, perda do emprego, amigos e muitas outras coisas, pelo menos por um tempo. Os gadarenos viram isso e ficaram alarmados. Mas eles apenas viram metade do evangelho!

Essa é a explicação da loucura desses gadarenos. Estavam cegos ao fato de que Cristo podia fazer por eles o que já tinha feito por esse endemoninhado. Eles viram apenas a primeira obra, a primeira metade do evangelho. E antes que o Senhor Jesus tivesse a oportunidade de lhes mostrar a outra metade, eles pediram que Se retirasse. Como muitos hoje em dia, eles compreenderam que havia um poder no evangelho, mas não compreenderam que era "o poder de Deus para a salvação". Isso explica porque essas pessoas pediram a Cristo que Se retirasse — e porque muitos, hoje, tentam se livrar dEle.

Mas vamos examinar o outro quadro, e tentar descobrir o que exatamente motivou esse homem que havia sido curado a desejar seguir o Senhor. O que explica o contraste? E é um contraste marcante! Existem pessoas hoje em dia que, imaginando serem muito inteligentes, acham que esse desejo é sempre um sinal de loucura e de fanatismo religioso. Mas isso, obviamente, está errado, porque esse homem tinha acabado de recuperar o juízo! Enquanto estava louco, ele odiou a Jesus e quis se livrar dEle; foi somente após o milagre que ele desejou estar com o Senhor. Ah, é sempre a loucura que rejeita a Cristo. Por que esse homem roga, pedindo permissão para acompanhar Jesus? Por que está pronto a abandonar tudo para segui-lo? E por que é este, sempre, o verdadeiro teste, o grande indicador de uma sólida obra da graça no coração humano? As razões são óbvias e evidentes, mas são tão gloriosas que não posso abrir mão do privilégio de apresentá-las outra vez.

A primeira coisa era, obviamente, seu senso de gratidão a Cristo, e seu desejo e anseio de expressá-lo. O que poderia ser mais natural? Leiam novamente a descrição que nos é dada da vida deste homem antes que ele conhecesse a Cristo. Um endemoninhado selvagem e perigoso; vivendo entre os túmulos; mutilando-se e lacerando a sua carne; sem descanso e sem paz; rejeitado, temido e odiado por todos, e, na verdade, temendo a si mesmo. Sua miséria devia ser imensa e terrível! Esforços tinham sido feitos no sentido de controlá-lo, restaurá-lo e curá-lo (versículos 3, 4). Cadeias e correntes, os esforços da família e de amigos, tudo tinha sido tentado, vez após vez, sem qualquer sucesso. O homem não conseguia encontrar paz — e nem a conseguiam todos que estavam ao seu redor. Mas aqui vem Jesus de Nazaré, e, em apenas alguns minutos, realiza aquilo que ninguém mais tinha conseguido, e o homem se acha "assentado, vestido e em perfeito juízo". Preciso dizer mais? Cristo fez por ele o que ninguém, nem os seus familiares e amigos mais chegados, conseguiu fazer. Oh, bendita libertação! Oh, a felicidade, o regozijo! "Que posso dar a Ti?" "Que posso fazer?" Nada é demais para um tão grande benfeitor. Ele merece tudo, merece todo o nosso ser. Vocês se lembram daquele outro louco que tinha partido a caminho de Damasco, "respirando ameaças e morte" subitamente, clamando com o coração cheio de gratidão e louvor, depois de ter visto a Jesus por apenas alguns momentos — "Senhor, que queres que eu faça?" Ele O tinha odiado e insultado, mas quando Paulo O viu e compreendeu quem Ele era e o que tinha feito por ele e pelo mundo todo, ele de fato clamou: "Oh, Senhor, que posso fazer por Ti? Torna-me Teu escravo. Não importa quão humilde seja a tarefa, desde que eu esteja perto de Ti." E assim tem sido sempre. Ninguém jamais veio a compreender o que Cristo fez sem amá-lO e adorá-lO e sentir o anseio constante de estar perto dEle. Que posso sentir além de gratidão e amor por Ele e Seu evangelho? Ele comprou minha liberdade, removeu dos meus ombros o fardo do meu passado pecaminoso, removeu a terrível sensação de culpa, tirou para sempre o temor da morte e da sepultura, e assegurou-me que sou aceito por Deus. Como posso me cansar de ouvir a respeito dEle? Como posso me cansar de tal Pessoa? Pode haver sensação mais maravilhosa e mais gloriosa do que sentir a proximidade da Sua presença? Ansioso por me livrar dEle? Pelo contrário, minha única preocupação e tristeza é que minha infidelidade O afasta. Posso ter medo dEle, e odiá-lO, e querer me livra dEle? Não!

Odeio os pecados que Te causaram pesar,
E Te afastaram do meu coração.

E agora eu oro:

Mais de Ti, oh, concede-me, cada momento.

Vocês já se sentiram assim? Permitam-me lembrar que Ele morreu por vocês, entregou Sua vida por vocês, e, se crerem nisso, Ele fará por vocês o que fez pelos santos através dos séculos. Aquilo que nem conhecimento, nem cultura, nem negócios, nem prazeres, nem família ou amigos conseguiram fazer, Cristo fará hoje se vocês permitirem. Entreguem-se a Ele! Permitam que Ele o faça! Então vocês entenderão o desejo daquele gadareno de estar com Jesus.

Mas isso não era tudo. Aquele homem queria que sua condição abençoado continuasse e fosse permanente. Tudo era tão maravilhoso, tão glorioso! E aqui neste ponto havia um elemento de temor. Aqui estava esse maravilhoso Jesus, que acabara de realizar esse milagre, trazendo tanta felicidade à sua vida, e agora Ele ia partir! Somente Cristo tinha sido capaz de curá-lo e conquistar os demônios. Ele mesmo tinha falhado, e assim também todos os outros — somente Cristo tinha conseguido libertá-lo. E agora Ele ia Se retirar! "Ah", ele roga a Cristo, "deixa que eu vá contigo Tenho medo de confiar em mim mesmo, em minha capacidade. Temo que esses demônios voltem e me escravizem outra vez. Não posso depender de mim mesmo, e eu os temo. Sei que estou bem agora — mas, e amanhã Oh, deixa-me ir contigo!" Todo crente sabe exatamente o que isso significa. Um homem não é um cristão até que tenha consciência de sua fraqueza e da força do inimigo. O cristão não confia em si mesmo, não depende de sua própria força. É a consciência da sua própria fraqueza e da força do inimigo que o leva a Cristo continuamente. É por isso que eu subo ao púlpito domingo após domingo, convidando-os a vir a Cristo, entregando suas vidas a Ele. A batalha contra o diabo é desigual. Homens maiores do que nós foram conquistados. Vocês caem, dia após dia, hora após hora. Que esperança podemos ter de conquistar "principados e potestades... os príncipes das trevas deste século... as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais?" (Efésios 6:12) Não é possível. Compreendam que a derrota é certa. Confessem suas falhas. Reconheçam seu pecado. Sim, o poder do inimigo e nossa própria fraqueza são sempre boas razões para permanecermos com Cristo.

Mas não devo terminar desta forma negativa. O homem queria estar com Cristo, não só porque estava consciente de sua própria fraqueza e do poder do inimigo, mas também porque compreendeu que o poder de Cristo, que o libertara, também podia mantê-lo livre. E se os demônios retornassem? Com Cristo ele estaria seguro, pois Cristo já os tinha subjugado e conquistado. O que quer que acontecesse, com Cristo ele estaria sempre seguro, pois Ele é poderoso, não só para salvar, mas também para guardar até o fim. Sim! Esse homem queria ir com Cristo para que Ele o mantivesse livre e seguro.

Mas ele cometeu um engano: pensou que a presença física de Cristo era essencial. Nosso Senhor, ao enviá-lo para casa, para a sua família, provou que não era. "Um novo convertido, enviado de volta as suas velhas guaridas, sozinho?" Sim, e estaria seguro! Era Cristo que o estava enviando. E quando Cristo envia, Ele acompanha! Foi assim nos dias da Sua encarnação, e é ainda mais seguro hoje em dia, desde que Ele enviou o Espírito Santo. Confiem nEle! Obedeçam-nO! Façam tudo que Ele disser! Ele estará com vocês, e nunca os deixará, nem os desamparará. Vocês ainda serão tentados e provados, intensamente às vezes, mas, como todos os santos, poderão dizer:

A tentação perde o seu poder
Quando Tu está comigo.

Vocês podem cair, mas nunca ficarão prostrados (Salmo 37:24). Haverá provações e tribulações, mas Ele prometeu que seríamos "mais que vencedores". Creiam nEle hoje, e entreguem-se a Ele. Por amor do Seu nome. Amém